Reflexão da madrugada
O que acontece quando o que era
para “sempre” tornou- se passageiro, flutuante entre a emoção que surgiu entre
o dia ocioso que corria na maré da mansidão da espera que algo aconteça e a
razão entre as partidas e despedidas, inúmeras, de todos os dias?
O que acontece quando se olha
dentro de uma pessoa, passando pela retina e entrando no corpo, através do
cérebro, por meios dos impulsos elétricos que formulam imagens?
O que acontece quando é mais
fácil dizer “talvez”?
É fácil passar pelos mesmos
caminhos sempre olhando as mesmas paisagens, ouvir as mesmas músicas, ler os
mesmos outdoors, estar sempre alinhado com a pequenez do cotidiano(sim, o
cotidiano é pequeno, pois ele é incapaz de perceber as mudanças em outras
pessoas, o acúmulo de poeira entre as cartas – de amor ou não -, a nitidez da
clara luz que ilumina a feiura do rosto inchado no acordar útil para uma vida
que agride a própria essência ao efetuar seus desígnios estranhos e, em alguns
casos, mortíferos.) sem notar as células mortas caindo aqui e acolá, os pelos
das pernas espalhando-se nos recantos das paredes, o cabelo caindo e
renascendo, a pele sempre envelhecendo.
É fácil conviver com uma cicatriz
quando se percebe que a pele demora pelo menos oito anos para recuperar-se de
certas perdas e que um ataque fulminante pode levar-nos para longe de nosso
habitual mundo, carregado de linhas retas e pesadas de objetos inúteis.
É fácil viver sem o peso dos
problemas criados por modismo e que em nada afetará a vida, nem diminuirá nenhuma
coordenada geográfica a distância entre você e o eu interior, que é o você sem a
pele.
E, apesar de ser tão fácil, o que
acontece quando adentra-se nessa facilidade e olha-se para muito além das
irrelevantes mesquinharias que cultivamos
apenas para sentirmos como é bom sofrer?
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