O Sempre da matemática e do amor
Nunca se teve tanto medo, ou receio,
de usar uma palavra na exata matemática ou naquilo que chamam de amor como
quando alguém diz Sempre.
Na matemática, as coisas não são
Sempre. Não é Sempre que a integral disso é aquilo, que um método pode ser
utilizado, que a convergência de uma função é teimosa demais para ser
generalizada.
No amor, o atrevimento de
exclamar o Sempre em tudo faz com que haja a dramaticidade do momento, a
efemeridade dos sentimentos, a discrepância entre o que realmente se quer e o
que se pode ter de verdade. No amor, ou naquilo que isso classifica, Sempre é
muito perigoso, muito incerto, ou certo demais que acaba terminando uma hora frustrando
toda a noção da ideia de Sempre.
Impossível usar esse termo sem
que haja a confusão das coisas, sem que a ideia de fim se propague entre as
ondas eletromagnéticas que passam de um equipamento modelado por uma Equação
Diferencial Ordinária e um coração modelado pelo desgosto de seus quereres que
sempre – veja só - acabam.
Sempre é perigoso. Sempre.
Enquanto outra palavra não é resgatada
para substituir toda a ideia que Sempre causa na matemática ou no amor, teremos
que recorrer ao Sempre que nunca acontece, mas que está sempre lá, de forma
hipotética, desafiando a exatidão numérica ou a realidade das emoções.
Sempre será assim.
Sempre não é todo dia - Oswaldo Montenegro
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