O Caos no Transporte de Aracaju

A Capital da qualidade de vida, Aracaju, vive dias tão sombrios quanto os mais pavorosos contos de terror de Stephen King. A razão, óbvia e clara desde sempre, agravada nesses últimos dias quando a irresponsabilidade administrativa e a incapacidade gerencial das Empresas proprietárias dos ônibus que fazem o transporte coletivo, não público da Capital e Região Metropolitana, é o total desrespeito – se é que essa palavra é capaz de representar todo o descaso com o principal meio de locomoção da grande massa de indivíduos que movem a economia local – com os usuários e com a ética constituinte do Estado e da República.
Dessa vez, com a mesma reclamação de sempre, os funcionários de algumas empresas – até agora quatro pertencentes ao mesmo Grupo Empresarial – estão, imagine!, com os pagamentos atrasados! Sim, atrasados!
Mesmo com o aumento na passagem e uma redução que não chegou a acontecer, mesmo a Justiça tendo decretado a redução para R$ 2,25 e voltado atrás em menos de 72h, as Empresas não realizou o pagamento dos funcionários que, assim como os usuários, são massacrados pelas péssimas condições dos automóveis, pela estafante carga horária de trabalho e pelas metas que precisam cumprir.
Veículos depredados pelos usuários revoltados, terminais de integração bloqueados pelos funcionários em protesto, o retorno da tarifa para o preço abusivo de R$ 2,35, a redução consequente da frota e todos os transtornos gerados por essas causas são meros detalhes para os Gestores públicos e os Proprietários do Grupo gestor dessas Empresas. Para o povo, é um terror.
O povo enfrenta a violência de ter um terminal fechado e só conseguir chegar em casa várias horas além da prevista, de não conseguir chegar em casa – em alguns casos-, de não conseguir chegar no horário em escolas e Universidades, de não poder ter seu lazer – no final de semana. O povo paga para funcionários mal treinados darem respostas abusadas e desrespeitosas. O povo paga por veículos sucateados, paga por métodos abusivos de oferecimento de serviço – um serviço essencial.
O povo paga e o dinheiro não circula. Fica parado na conta do cartel do transporte coletivo. Na Capital da qualidade de vida, não existe qualidade nenhuma no transporte. A mobilidade urbana é um fracasso.
Aliás, o Prefeito, que prometeu um sistema eficiente e digno de transporte para o povo que o elegeu, até agora finge que não é não é com ele o problema. Será? Descobriu-se que uma das Empresas não tinha autorização para atuar na cidade de Aracaju. E de quem é a responsabilidade de fiscalizar os contratos de concessão? Do vendedor de amendoim do terminal é que não é!
Enquanto os funcionários têm suas reivindicações, justíssimas, não acatadas pelo Cartel do Transporte Coletivo de Aracaju e Região, os terminais ficam cada vez mais lotados, os poucos ônibus em circulação cada vez mais inchados, a passagem voltou a ser cara e parece que ninguém está nem aí.

Talvez, se alguém, lá no Rio de Janeiro, esticasse uma faixa em espanhol para o Papa ler a deprimente situação de Aracaju, alguém caísse na real e fingisse mudar alguma coisa... Mas parece que ninguém liga... nem mesmo os manifestantes de outrora.

Terminal Leonel Brizola (Zona Oeste). A falta de ônibus aglutina o povo e faz a cidade quase parar.

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