Silêncio #04

O Silêncio trás à tona a realidade nua inerente ao indivíduo que cala, mesmo que não o faça ao mundo, tornando-o instrumento de si na calma ou correria que nos rodeia a toda hora o dia inteiro. O estado de silêncio, se não o melhor, é um dos melhores companheiros para se estar a qualquer hora em qualquer lugar sem correr o risco de uma má companhia já que, como dizia Nietzsche, toda companhia é uma má companhia. Silêncio que cria a arte plástica, que inaugura a poesia cantada com o canto de poetas mortos, é também elemento originário do autoconhecimento. Propõe um sutil barulho, isto é, uma sutil voz interior que cabe a cada pessoa ao ouvir e interagir nas horas de prático exercício do silenciamento pessoal.
Pode estar, ou exercitar, em silêncio em meio a multidões, pequenos grupos ou em dupla porque o essencial não é exatamente o meio em que está, mas os motivos que o levaram a  estar silenciosamente quieto. Entretanto, o silêncio não pode estar presente no cotidiano do indivíduo senão ele torna-se timidez, medo, retração, prejuízo ao meio e ao próprio indivíduo, pois o objetivo final de seu efeito nos humanos não pode ser necessariamente nem a devastação social tampouco a causa de superideias. Aconselhar, analisar, pensar, limpar a mente, descansar, planejar, executar tarefas são bons exemplos dos usos saudáveis do silêncio. Pratique-o, não há mal nisso, até porque  inevitavelmente você poderá ficar, ou ter que ficar, silencioso por muito tempo em algum momento...

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