O ritmo aceitável

É comum que as pessoas não lutem por seus ideais, por seus verdadeiros desejos. Fingir é mais fácil. Mais cômodo. Mais aceitável para quem observa de fora.
É comum que as pessoas se apeguem ao que já está pronto. Aquilo que já está instituído é normal, justo ou qualquer coisa parecida para a fragilidade do ego que habita a tal da normalidade, base da insegurança geral, de uma parte considerável dos indivíduos.
O que não é considerado prático é “chutar o balde” e começar a fazer aquilo que se gosta, ou o que se quer, quando se quer, e da maneira que achar mais adequada.

Quem disse que é preciso ir todos os dias para a aula?

Quem disse que é obrigatório falar correto sempre?

Quem disse que é preciso estar sempre em um relacionamento amoroso para amar?

Quem disse que é necessário casar para ter uma vida de agonia dupla?

Quem disse que é preciso estressar-se com o engarrafamento?

Quem disse o quê?

Acredita-se muito nas convenções que são estabelecidas ou para trancafiar o indivíduo em uma redoma onde todos os movimentos realizados são previamente ditados e mecânicos demais para produzir uma boa história, uma conversa razoavelmente surpreendente ou para justificar a falta de tato com a tranquilidade da vida. Acredita-se na morte em vida antes mesmo da verdadeira morte chegar. E quando esta chega só o medo de não ser mecânico é o que resta.
Às vezes, é melhor estar na cama até às duas da tarde que ter levantado para fazer a mesma coisa que é feita todos os dias. O problema das pessoas, comuns, é que elas só fazem aquilo que faz os outros felizes, ou o que eles esperam. Já ouvi muitas vezes uns dizendo que o relacionamento só acabou por que o outro nunca era o que se esperava. Mas, se fosse, seria interessante? Ou que se está cansado de tudo isso – a vida -, porém nunca faz nada divertido, anormal, diferente o suficiente para ousar um dia feliz.
Felicidade é relativa. Assim como a vida e a morte. É de relatividade que somos feitos.
Pessoas. Normais. Desgraçadas. Amadas, ou não. Felizes, ou não. Monotonia. Ritmo. Ondas.

É bem provável que o tempo mostre as perdas tidas, as vitórias efêmeras e as causas expostas. Entretanto, só um bom som pode despertar o prazer de estar vivo, de ultrapassar o próprio limite e de surpreender a si, mais que aos outros.

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