O EU e o OUTRO
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Arte: The Disillusioned Medea. Paulus Bor. Met. |
Integrar dois mundos de modo que manias, medos, aspirações e paixões sejam suficientemente próximos nas mais diversas situações é o grande desafio dos relacionamentos. Integrar dois mundos é integrar duas pessoas em um mesmo universo paralelo que se estende do EU para o OUTRO sem os intermediários que, comumente, podem ser encontrados nas relações de boa vizinhança e de trabalho.
Essa integração, por vezes conturbada, confunde-se com o sexo e o desejo causando problemas gigantescos aos envolvidos. Filhos, abortos, animais e plantas de estimação, familiares, religiões, costumes e hábitos passam pela metamorfose provocada pela ação do relacionamento e terminam com suas definições e seus paradigmas profundamente alterados. É por isso que superar um relacionamento não é fácil e sempre muito traumático.
Por isso, quando observamos um casal em franca discussão em dias de chuva ou no começo de um dia, com a madrugada sendo raiada pelo sol nascente, receamos em perguntar, olhar e avaliar a situação porque simplesmente sabemos que entre dois mundos que não mais se compreendem nada podemos fazer para estancar lágrimas que brotam em olhos cansados e desiludidos; nada podemos fazer para conter injúrias que se formam em bocas que antes se amaram.
O EU e o OUTRO precisam sempre se reencontrar - se não para ficarem juntos, ao menos para poderem seguir adiante sem o medo do que poderia ter sido caso tivessem amado mais e xingado menos.
O EU e o EU de uma só pessoa precisam entender-se para que possa abrigar o OUTRO que nada sabe das feridas e cicatrizes que carrega esse EU. É assim que o OUTRO poderá ser espontâneo e amante sem ferir. É assim que caminha nossas vidas - estejamos presos em prédios velhos da capital ou isolados no interior paupérrimo de estados pobres.
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