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Mostrando postagens com o rótulo Qualidade de vida

Certos dias bestiais

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Foto: Statuette of standing nude goddess. MET. A cada minuto, de certos dias, a gente vai acumulando, sem perceber, quantidades desenfreadas de raivas e ódios diversos - da lama que suja a roupa ao atendente incompetente da lanchonete de fast food , passando pelo professor procrastinador e terminando em casa, com o vizinho ou com o colega de quarto.  O somatório dos minutos culminam, no fim do dia, num sentimento de exaustão em que a burrice alheia, os absurdos ouvidos e as palavras não ditam simplesmente tiram a paciência, muito embora a aparência seja de mar navegável. Certos dias como esses saltam aos olhos a pequenez dos invejosos, a inconveniência dos falatrões e a aberração de uma sociedade composta de gente que tem medo de água e de banhos, da verdade e de deuses distantes. Há que premiar quem suporta, sem reclamar, a bestialidade desses dias - sempre seguidos pela incerteza do que virá no próximo. E há que se dizer, a todos os que cruzam palavras com at...

Janela vívida

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Arte: Street in Meknes. Eugène Delacroix. 1832. MET. Da minha janela, no nível do primeiro pavimento, componente elementar da calçada, eu vejo o mundo que se desenrola à margem da sociedade e que me criminaliza e vitimiza utilizando as vítimas que estão encarceradas em outras janelas gradeadas. Por ela eu vejo aquele que estaciona o carro na calçada com preguiça de alocar o bem na garagem; vejo o casal que se diz enamorada e o rapaz que paquera os transeuntes.  Da minha janela fechada eu ouço o homem que pede a carteira alheia, mas que não é assaltante (embora pareça). Ouço o carro do lixo. Ouço conversas entrecortadas que denotam uma vida limitada aos recursos que se pode obter, nem sempre de maneira honesta. Pela minha janela a vida escorre de dentro para fora e de fora para dentro como se o mundo físico fosse o último bastião entre a prisão e a liberdade pregada nas igrejas à direita e à esquerda desse buraco gradeado. Da minha janela eu vejo  lua, viajo, ouço,...

O EU e o OUTRO

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Arte: The Disillusioned Medea. Paulus Bor. Met. Integrar dois mundos de modo que manias, medos, aspirações e paixões sejam suficientemente próximos nas mais diversas situações é o grande desafio dos relacionamentos. Integrar dois mundos é integrar duas pessoas em um mesmo universo paralelo que se estende do EU para o OUTRO sem os intermediários que, comumente, podem ser encontrados nas relações de boa vizinhança e de trabalho. Essa integração, por vezes conturbada, confunde-se com o sexo e o desejo causando problemas gigantescos aos envolvidos. Filhos, abortos, animais e plantas de estimação, familiares, religiões, costumes e hábitos passam pela metamorfose provocada pela ação do relacionamento e terminam com suas definições e seus paradigmas profundamente alterados. É por isso que superar um relacionamento não é fácil e sempre muito traumático. Por isso, quando observamos um casal em franca discussão em dias de chuva ou no começo de um dia, com a madrugada sendo raiada p...

Caju Bike: A enganosa propaganda

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A Prefeitura de Aracaju - SE e a NET instalaram na orla da cidade o sistema de aluguel de bicicletas, gratuito e pago segundo as informações disponíveis no site oficial e nas placas nas estações. O que não quer dizer que seja verdade e que configura propaganda enganosa promovida pela administração pública municipal. A possibilidade de utilização das bicicletas poderia ser feita de forma gratuita aos usuários aracajuanos e turistas, desde que cadastrados no site, por sessenta minutos, quantas vezes quisessem ou de forma mais segura adquirindo um passe que pode ser diário ou mensal. No entanto, o usuário que tentar utilizar gratuitamente não conseguirá, pois apesar das informações o aplicativo de utilização não permite a opção de retirada de forma gratuita - a opção de autoatendimento ou de ser atendido através do telefone não é realizada com sucesso -  e os atendentes do Projeto confirmam que é impossível: “É preciso adquirir um passe. É a única forma”. Então, a propaganda da ...