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Janela vívida

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Arte: Street in Meknes. Eugène Delacroix. 1832. MET. Da minha janela, no nível do primeiro pavimento, componente elementar da calçada, eu vejo o mundo que se desenrola à margem da sociedade e que me criminaliza e vitimiza utilizando as vítimas que estão encarceradas em outras janelas gradeadas. Por ela eu vejo aquele que estaciona o carro na calçada com preguiça de alocar o bem na garagem; vejo o casal que se diz enamorada e o rapaz que paquera os transeuntes.  Da minha janela fechada eu ouço o homem que pede a carteira alheia, mas que não é assaltante (embora pareça). Ouço o carro do lixo. Ouço conversas entrecortadas que denotam uma vida limitada aos recursos que se pode obter, nem sempre de maneira honesta. Pela minha janela a vida escorre de dentro para fora e de fora para dentro como se o mundo físico fosse o último bastião entre a prisão e a liberdade pregada nas igrejas à direita e à esquerda desse buraco gradeado. Da minha janela eu vejo  lua, viajo, ouço,...

O EU e o OUTRO

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Arte: The Disillusioned Medea. Paulus Bor. Met. Integrar dois mundos de modo que manias, medos, aspirações e paixões sejam suficientemente próximos nas mais diversas situações é o grande desafio dos relacionamentos. Integrar dois mundos é integrar duas pessoas em um mesmo universo paralelo que se estende do EU para o OUTRO sem os intermediários que, comumente, podem ser encontrados nas relações de boa vizinhança e de trabalho. Essa integração, por vezes conturbada, confunde-se com o sexo e o desejo causando problemas gigantescos aos envolvidos. Filhos, abortos, animais e plantas de estimação, familiares, religiões, costumes e hábitos passam pela metamorfose provocada pela ação do relacionamento e terminam com suas definições e seus paradigmas profundamente alterados. É por isso que superar um relacionamento não é fácil e sempre muito traumático. Por isso, quando observamos um casal em franca discussão em dias de chuva ou no começo de um dia, com a madrugada sendo raiada p...

Passante Vida*

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Obra: The Creation of the World and the Expulsion from Paradise. Giovanni di Paolo. 1445. Olhando para todos Apressados e chorosos Fico na estante No seu cais atracado Sem estreias e cantadas Sem ondas de alegria Olhando apenas como A esfinge a planar Em areias andantes Na nudez ria Da solidez porcelanada Olho da estante. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.