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Corpos incandescentes

Embora sejam espécimes raros, conheço uma ou duas moças que vivem verdadeiramente a lei da castidade imposta pela igreja e que, mesmo assim, mantém uma vida condizente com um estilo fitness, ou seja, busca manter o corpo em forma e curvilíneo. Observando isso e o fato de que não existem namorados e nem ficantes (investiguei os casos a fundo), fiquei pensando o que fazem para suprimir o desejo sexual que, sabemos, é desnorteador e opressivo quando não satisfeito. Disso surgiu a única solução possível - a masturbação. Ainda que seja um tabu para mulheres com uma mentalidade ultrapassada e condenada veementemente pelos homens  que comandam as igrejas, a masturbação é o ponto de fuga para esses belos e descomprometidos espécimes que não tem pressa para casar e não encontrou ainda o "eleito". Encerradas em seus quartos, sob a luz fraca do poste da rua ou do brilho do smartphone, suas mãos tocam a própria pele como faria o homem que inexiste em suas vidas. Seus dedos tocam s...

Olhares de peito aberto

Enquanto o país convulsiona e as provocações de um louco religioso e político reverberam nas cabeças mais insanas como verdades fundamentais, há que se olhar para os peitos. Sim, peitos.  Olhe direito para os peitos que balançam suavemente sob blusas coloridas e que saltitam ao mais abrupto movimento. Os peitos, não as bundas, são os passaportes para todo um mundo de sufocante e prazerosa agonia. São pedaços de carne que se desprendem do corpo e povoam a imaginação, deixando um rastro de ácido na boca e sempre, sempre, um desejo ardente. De tão carnais e sexuais, o suor que lhes escorre são de cheiro, sabor e viscosidade diferente. Os mamilos, do menores e mais claros aos maiores e mais escuros, são toques de lascívia que deixam sobre a pele as marcas de experiências vividas e de chupadas recebidas - no calor do meio-dia enquanto se espera o ônibus escolar, o filme acabar no cinema ou o culto começar.  São merecedores dos olhares, da admiração de homens e mulheres ...

O ritmo aceitável

É comum que as pessoas não lutem por seus ideais, por seus verdadeiros desejos. Fingir é mais fácil. Mais cômodo. Mais aceitável para quem observa de fora. É comum que as pessoas se apeguem ao que já está pronto. Aquilo que já está instituído é normal, justo ou qualquer coisa parecida para a fragilidade do ego que habita a tal da normalidade, base da insegurança geral, de uma parte considerável dos indivíduos. O que não é considerado prático é “chutar o balde” e começar a fazer aquilo que se gosta, ou o que se quer, quando se quer, e da maneira que achar mais adequada. Quem disse que é preciso ir todos os dias para a aula? Quem disse que é obrigatório falar correto sempre? Quem disse que é preciso estar sempre em um relacionamento amoroso para amar? Quem disse que é necessário casar para ter uma vida de agonia dupla? Quem disse que é preciso estressar-se com o engarrafamento? Quem disse o quê? Acredita-se muito nas convenções que são estabelecidas ou p...

Janelas

Sempre diferentes, as janelas são exemplarmente a representação daquilo que não se pode mudar, embora talvez sempre se queira. Quadrados de personificações variáveis, de tamanhos não definidos, exatamente, de vistas sempre modificadas pelas mudanças na urbanidade das pessoas, pelos movimentos dos ventos, pelos pensamentos que voam para muito além de um infinito de pedras ou serras. Janelas são identidades de uma perspectiva sempre viva, apesar de devastada pelos deveres, em algumas vezes, mas que conservam, em sua razão de existir, a necessidade de mais um vislumbre para a noite, a madrugada, o dia amanhecendo ou um crepúsculo inexpugnável. Janelas, ou a ideia que fazemos delas, são simplesmente um dar de ombros sobre a realidade e seus paradigmas e uma visão, alargada pelas frestas de um futuro sempre presente que faz com que a racionalidade de um momento seja perdida entre o focalizar das retinas em um ponto negro no céu sempre azul, ou em uma estrela, que mais ...