Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Morte

Gabriel Diniz e a morte na segunda

Imagem
Foto: reprodução Ibahia A segunda-feira é cheia de surpresinhas e nem sempre agradáveis.  Logo depois do almoço, quando a indecisão entre a cesta e o prosseguimento das atividades do dia constrange-me ao acesso às redes sociais, o Twitter é inundado por postagens dos veículos de comunicação noticiando a queda do avião de pequeno porte que transportava o cantor Gabriel Diniz, famoso pelo irritante hit Jenifer e por popularizar o app Tinder. Nada mudou e nem mesmo a pseudo comoção dos "fãs" histéricos nas redes sociais oi capaz de impactar significativamente no cotidiano de ninguém. A morte do cantor só interessa aos familiares e à namorado. Simples assim. A responsabilidade por esse acidente aéreo, pelo que foi divulgado, recai sobre os órgãos de fiscalização e controle do tráfego aéreo, da empresa responsável e do próprio cliente (o Gabriel Diniz, nesse caso). Não adianta postar trechos de vídeos de shows e nem dizer que o morto era "maravilhoso" por...

O preço do cretinismo

Quão horrível deve ser passar uma vida inteira buscando a aprovação alheia, submetendo-se a todo tipo de humilhação – aceitável do ponto de vista da aprovação social em determinados grupos – e chegar à velhice tendo se tornado um ser abjeto, conivente com todo tipo de ilícitos e iniquidades, presa às correntes que forjou durante todo o tempo em que buscou ser igual àqueles que não têm boa imagem. Nessa velhice, onde a solidão mostra a fatura do cretinismo, não adianta dizer que “não sabe”, que “foi enganada”, que “não fez nada”. É nessa velhice que os fantasmas dos inocentes aparecerão para cobrar justiça. É nessa velhice que o remorso corrói a esperança de uma pós-vida tranquila – sua própria consciência jamais permitirá o descanso eterno enquanto suas crueldades e suas omissões...

Morta, finalmente

Imagem
Foto: Alagoas24h. A chuva caia com força sobre o barro vermelho, que já estava mole com tantas chuvas anteriores, tornava-se lama em uma manhã chuvosa no campo santo municipal. O féretro, chafurdado na lama, foi apressado. O buraco, onde a morta seria depositada, ia se enchendo de água, uma água que caía sobre justos e injustos, transformando um buraco vazio em um copo meio cheio. O viúvo, agarrando-se à ideia de beber, fumar e fornicar com uma de suas amantes tão logo o irritante trabalho fúnebre fosse encerrado com o primeiro bolo de barro molhado jogado na cara da defunta. Encaixotada competentemente em um baú de algumas dezenas de reais, a morta não vai mais presenciar a ausência do homem, como ocorria quando a doença ainda roía-lhe as entranhas. Ele, sofrendo na casa da outra, mal se sustentando em pé de tão bêbado, embalsamado pelo cigarro, levou  assim todos os dias em que a mulher esteve sã ou corrompida pela vil enfermidade. Agora, depois que o barro cobriu a po...

Morte Solitária*

Acenda o cigarro E queime o pulmão A alma e a casa Destrua o fígado Com  garrafa aberta De cachaça ou uísque Arrase o olho com o pino Do álcool inconsumido Mate-se sem levar consigo Nada de dentro ou de fora. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Morte*

Luta, briga, fala Come, corre,cansa Vai, vem e some Clareia, distorce torce e segue no caminho sem sentido O sonho vem, acaba Passa e morre junto Com a alma lembrada. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Morte Súbita

Imagem
J. K. Rowling revelou uma faceta capaz de desenvolver uma sensibilidade no leitor que nenhum outro autor de saga ou série até então foi capaz. Em Morte Súbita , romance renegado pelos fãs da escritora e também pelas editoras, é surpreendente e evidencia o que todos já sabem – J. K. Rowling é uma escritora brilhante. Com agressões físicas e verbais a crianças, mulheres e adolescentes; separação social entre ricos, classe média e pobres; execração pública dos pobres e drogados; dilemas familiares comuns a quase todos os países; sexo e drogas na adolescência; pedofilia e supervalorização da opinião pública; egoísmo, amor e dor são elementos que fazem de Morte Súbita um romance distante e diferente da série Harry Potter. Bola, Krystal, Andy, Robbie, Gaia, Tessa, Colin, Ruth, Simon, Samantha, Miles, Terri, Parminder, Barry e Kay pode ser encontrados em muitos distritos, ruas e esquinas. O que torna Morte Súbita incrível é a sua aproximação com o mundo real, a não-ficção. E, sinceram...

Meu "até logo"

Imagem
Foto: Lindinha, há 19 semanas A manhã vai começar com os tons do verão, em uma aquarela laranja, azul e branca, na profusão de cores que somente essa estação é capaz de pintar no negro azul do céu. Não há chuviscos como na madrugada em que saíste para dar-me “até logo” e que com um olhar pidão viste perder-me nas curvas e esquinas das ruas. Naquela manhã, ao olhar para trás e ver-te tão pequena, sentada à porta de casa, sabia que eras única no mundo inteiro. Hoje não choveu, mas eu olhei para a rua e vi-te sentada, olhando para o além em que eu me perdera outrora. E o teu amor foi comigo, viajou para longe, tomou sol, levou outras chuvas e voltou, comigo, como sempre. E ao encontrá-la, no mais alto breu, era como se nunca houvéssemos nos separado. A distância que separa os corpos físicos jamais apaga o amor verdadeiro. Aquela distância já não existia quando, uma tarde dessas, fomos à exaustão, no chão, de tanto brincar – ganhamos arranhões, suor e cansaço e ninguém entenderia a...

Parecença escriturária

Imagem
Comendo uma fatia do bolo de aniversário de um desconhecido, às 3h47, sob a luz fraca da minha cozinha, eu pensava sobre a dificuldade de expressar, seja em poucas linhas ou difíceis palavras, nosso sentimento ou singelo estado de ânimo para alguém que seja íntima ou que precise de palavras amáveis e afáveis. Em minha última leitura, O gato sou eu , do Fernando Sabino, ele expressava, em um de seus textos, a dificuldade de escrever uma nota de pesar; e ainda justifica revelando que o Gabriel García Márquez sofria de igual problema. Não sei se é apenas uma característica de célebres escritores ou um item intrínseco aos que são capazes de escrever sobre tudo e todos, revelando amor e ódio em linhas de aparências íntimas. E qualquer um é capaz disto, como uma vez enfatizou Neruda. O fato é que em congratulações para aniversário, quando não sei se felicito ou lamento a velhice alheia, ou em velório, quando nada há a dizer, ou ainda em outros momentos quando parece que um sorriso nã...

Fim

Imagem
Um dia, quando a caminhada já está adiantada, a morte chega e arrebata a todos, um de cada vez, com a tranquilidade de uma brisa em dia de verão. E o que resta são lembranças de uma vida bem ou mal vivida. Lembranças apenas. Fim é um registro de lembranças, de vidas entrecruzadas pelos laços da amizade, do amor, da traição e da libertação. Cada um dos cinco personagens teve uma vida diferente, com amores que devassaram o conceito da própria vida, do amor, do cotidiano e convergiram para maneiras diferentes de ver e viver a vida. E, literalmente, cada um sabe a dor que carrega no coração – isso é muito claro nas páginas de Fim. Não só isso, Fim é a estreia de Fernanda Torres na literatura brasileira e deixa, sem sombra de dúvida, a marca de uma escritora divertida, irônica, arrebatadora escritora que promete muito nesse mundo das letras. Torres prende o leitor em capítulos que não só contam a história de um personagem, mas também a nossa à medida que temos como parâmetro as con...

Um pouco de sangue

Imagem
A semana é dita santa. Mas onde está a santidade no homicídio? No assassinato? Nas desprezíveis mazelas da humanidade que mata e morre por uma fé que não se justifica? Adoramos adorar um corpo que jaz eternamente crucificado em algum ponto distante, no tempo e no espaço, enquanto esquecemos de viver adequadamente. Bebemos, figurativamente na falta de uma denotação almejada, o sangue de um homem que se tornou um deus e tentamos, a todo custo, profanar essa santidade através de recriações teatrais de um sofrimento necessário. São espetáculos a céu aberto que satirizam e divertem quando a intenção, por mais remota, deveria ser outra. Na tentativa de esquecer um pouco o derramamento de sangue de um homem que dizem ter existido e que ressuscitou após três dias, criamos coelhos que botam ovos de chocolate e cobramos preços exagerados por eles. Que negócio lucrativo! A morte e o sofrimento que justificam a “bondade” humana é a mesma que cria coelhos anormais. E encerramos co...

Arte de morrer

Imagem
Não é uma questão de “se”, mas de quando vamos morrer – ter o rosto espremido pela terra ou carbonizado por uma boa ação para com o corpo de quem foi para o muito além da mesquinhez humana. Há de se considerar que morrer é somente ruim pelo fato irremediável de que quem morre não pode voltar para fazer lamentações ou exultar de alegria. Não rever os parentes – nem sempre tão amados -, os bichinhos de estimação ou um amor romântico – que em geral só ocorre nas produções cinematográficas é o que há de aterrador e inconsolável. Morrer devia ser um ato quebrável, unilateralmente, por qualquer das partes e sempre no interesse mesquinho, ou seja, a bel prazer do desejoso. Talvez as maneiras mais inusitadas e banais de morrer sejam desagradáveis, inglórias, sem graça. O ato de perder o sopro da vida devia ser tão monumental quanto os noves meses de gestação em que tudo é comemorado. Morramos. Com glória. Com altivez. Com dignidade.

Cidade do Amor

A cidade do Amor representa muito bem seus cidadãos quando faz amor nas ruas, um amor sem sexo, atraente, mutante, fascinante, brilhante. Um amor que rompe com as dualidades dos momentos pequenos e estabelece outras tantas maneiras de expressar-se. Nessa cidade onde nem tudo é vida, tampouco a morte faz-se presente na constância dos anos, o amor passa sorrateiramente entre as pessoas e aloja-se em um coração e outro, numa boca e outra, num olho e numa flor. Cidade de outros demasiados desamores, o amor rege a orquestra dos tempos idos esquecendo-se das lembranças. Nessa cidade cada qual não tem seu palmo de chão no cemitério municipal, está cheio de amores mortos – amantes que dormiram sem saciar todo o ardor de uma desmedida paixão. A cada dia quente de muito suor é uma nova oportunidade de largar-se ao mundano amor dos corpos. Nas noites ventiladas, o amor faz-se santo nas camas de grama e colchão. Na cidade do amor, os amores são vapores inebriantes.

Na mesorregião

As ruas das cidades da mesorregião de Alagoas são repletas de milhares de acontecimentos que dão muita consoante para poucas palavras e que, se deixar, acabam fazendo a festa dos desocupados de plantão nas noites quente-fria dessas localidades. É possível, em uma cidade, ter a cômica invasão de grilos. São tantos que postos de saúde e escolas são fechados por causa dos ilustres visitantes. O abastecimento de água, nas residências, também é prejudicado: é muito grilo morrendo afogado em cisternas e cacimbas. Em outra, a monotonia é capaz de levar os munícipes ao tédio generalizado que faz assistir televisão em um domingo à noite. Noutra, a normalidade segue seu rumo funéreo. E de grilo em morte, os alagoanos da mesorregião do estado vão seguindo seu destino sem se preocupar em fazer algo de bom e de inovador em suas próprias vidas. O que se tem de interessante nessa região é a capacidade de se divertir com o que se tem, ou não; com as pragas que se proliferam e com a incapacidad...

A Redescoberta do mundo

Imagem
Capa da Obra Com o tempo pode-se acabar cavando grandes distâncias entre o que se quer ser e o que pode tornar-se. O tempo nem sempre é justo, mas a vida é apenas um reflexo das decisões que se toma ao longo desse mesmo tempo inflexível. E quando o calendário passa o mais importante, ao notar o caminho que se tomou, é o quão importante foi a escolha e se esta satisfaz às expectativas. E se de repente valeu a pena mais não trouxe a felicidade que deveria ter trazido, é válido romper com o momento atual e partir para o recomeço, nem sempre fácil, nem sempre certo. Ilustrando como a vida pode se desenrolar e o quão o tempo pode ser opressor, Thrity Umrigar relata a história de quatro amigas, vários segredos e culpas e uma morte à espreita. Mais que isso, Umrigar mostra como se pode romper com as consequências de uma decisão e, aceitando seu peso, pagar o preço no tempo devido. Revela o poder da amizade e o amor, às vezes mais que fraterno, entre os amigos e quebra o paradigm...

O Diário de Suzana para Nicolas

Imagem
Capa da Obra Os amores não são mais os mesmos. Nem de amores são feitas as vidas dos indivíduos que outrora amavam a própria vida. Amores. Amores. Quem nuca? De tudo o que se pode viver nos milhares de amores que se tem em toda a vida, desde a primeira infância, não existe atitude tão gratificante quanto o registro desses amores, os passos, expectativas, anseios, defeitos e melhorias a serem feitas em si e no mundo. E quantas vezes isso passa despercebido? O registro do amor tido será uma das melhores formas de autoconhecimento. De saber quem é e par aonde vai. E com esse ponto James Patterson cria um dos livros mais emocionantes e controversos já escritos sobre a vida, a morte e o amor. É emocionante não pelo fato de registrar o amor e sim por gravar um cotidiano feliz, destroçado pela ação do inesperado. E é controverso por que leva o leitor a julgar as ações dos personagens antes mesmo de eles terem explicado suas atitudes. E, junto com os próprios personagens, promo...

Você e Você sempre!

Nesse dia, que é dito dos solteiros, ninguém sai às lojas para comprar presentes para si, nem levam a si mesmo para assistir um bom filme. Tampouco ousam surpreender o mundo com o simples ato de realizarem o que mais gosta. E isso é um erro terrível. No Dia do Solteiro ninguém tira foto de si e admira o quanto se evoluiu desde que nasceu, ou seja, desde quando começou o relacionamento sério no qual nem com a morte vai acabar. Esse talvez seja o relacionamento mais duradouro e perfeito que já existiu porque não há tempo ruim que separe você de você mesmo. Não há fofoca que intrigue você e você. Não há ciúmes nem troca de ofensas que gere o fim do você. Você e você viverão sempre juntos para toda a eternidade e não há como dissociar a perfeição que existe entre o amor verdadeiro e o falso ódio que existe dentro de, adivinhe, você! E é dessa relação realmente íntima e pessoal, eterna e sólida, que se formam os demais relacionamentos, as interações com os seres, que possuem igual...

O ritmo aceitável

É comum que as pessoas não lutem por seus ideais, por seus verdadeiros desejos. Fingir é mais fácil. Mais cômodo. Mais aceitável para quem observa de fora. É comum que as pessoas se apeguem ao que já está pronto. Aquilo que já está instituído é normal, justo ou qualquer coisa parecida para a fragilidade do ego que habita a tal da normalidade, base da insegurança geral, de uma parte considerável dos indivíduos. O que não é considerado prático é “chutar o balde” e começar a fazer aquilo que se gosta, ou o que se quer, quando se quer, e da maneira que achar mais adequada. Quem disse que é preciso ir todos os dias para a aula? Quem disse que é obrigatório falar correto sempre? Quem disse que é preciso estar sempre em um relacionamento amoroso para amar? Quem disse que é necessário casar para ter uma vida de agonia dupla? Quem disse que é preciso estressar-se com o engarrafamento? Quem disse o quê? Acredita-se muito nas convenções que são estabelecidas ou p...

Sua superfície, sua profundidade

As pessoas têm medo de morrer, que em uma viagem de carro a curva seja muito estreita ou que em um dia normal a foice implacável do acaso ceife-lhe sua preciosa vida, mas não se abstém de moverem-se  entre o efeito do álcool e a insanidade da prevaricação com as criaturas mais estranhas que existe. Outras têm medo de cair no abismo do esquecimento que faz com que a famosidade de um dia seja o marasmo de outro; que torna seres inseguros em espécimes indesejados nos meios sociais. Cair no abismo do esquecimento é destrutivo para quem já não tem segurança em sua normalidade, quanto mais para quem faltou a aula de valorização da vida independente de outra. Os medos das pessoas chocam-se com as atitudes estranhas que assumem no cotidiano e que delimitam suas ações. Têm medo da morte, mas fazem ultrapassagens perigosas em trechos de rodovias perigosos; Têm medo de morrer sem uma vida intensa, mas amedrontam-se frente às oportunidades que brotam dentre as mais diferentes vontades al...