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Mostrando postagens com o rótulo Igreja

O lado certo para o bezerro de barro pintado de amarelo

 6h49 da manhã. As portas da IURD já estão abertas com obreiros recebendo as ignorantes ovelhas com um recipiente nas mãos para o ritual vazio da manhã de domingo. As ovelhas, pobres, ignorantes, desesperadas, chegam de todos os lados para sustentar a vaidade dos pastores e idolatrar um bezerro de barro pintado de amarelo que chamam de deus.  Um deus que apresenta uma masculinidade frágil, tóxica, violenta e opressora. Esse mesmo deus que visita os ricos em seus leitos enfermos, mas ignora e despreza os pobres nas filas dos hospitais públicos. Para o rico, esse falso e inexistente deus acolhe, aconchega e visita em sonhos, garantindo a cura, os milagres e a assistência irrestrita. Para o pobre, mesmo que este dê-lhe tudo o que possui e que nunca é suficiente, esse deus os esquece e os oprimi transferindo-lhes as enfermidades que retira dos ricos. Um deus com a cara dos servos - quem paga mais consegue a cura, a paz, o lugar reservado em um pseudo paraíso.  Essas ovelhas, ...

Homem de bem

Vídeo da internet. Nunca é cansativo aprender as lições dos homens e mulheres de bem que povoam o Brasil. Eles controlam o abre e fecha das pernas alheias, a porta do paraíso e das igrejas e também sabem tratar bem os moradores de rua e os pobres, que não moram na rua e os servem. E como é sempre preferível ter plateia, eles gravam para que todos possam ver como são os estandartes da indignação e dos bons costumes, como no vídeo acima. É interessante observar o que essas pessoas ensinam aos filhos e como essa comunidade de exaltados atuam para tornar o mundo melhor.  Sempre se soube que igrejas lotadas , empresários respeitáveis e contribuintes para o progresso do país e indignados com a corrupção que enfraquece e empobrece o país são os elementos da sociedade brasileira. Os facínoras, os execráveis, a praga do Brasil deve ser mesmo os pobres, os trabalhadores que recebem menos de um salário mínimo líquido, a juventude negra.  Dentro de seu carro, filmado pelo ...

Entre o chester e o gás

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Fonte da imagem: reprodução redes sociais. A ceia natalina é uma festa para empresas e pequenos e médios empreendedores que tomam para si a árdua tarefa de alimentar os glutões de plantão. Por um lado esses hercúleos entes lucram alto (os que não possuem uma excelente margem de lucro certamente está fazendo algo de muito errado) e por outro livra os preguiçosos de ter que organizar uma comidinha intimista na única época do ano em que o comércio diz ser comemorado em família.  Na mesa do pobre, no máximo, um frango assado no forno da própria casa em que o gosto amargo do gás gasto para a produção do prato eclipsa qualquer gostinho natalino. Na mesa da classe média poderá haver o chester ou similares, quem sabe um peru para manter a tradição importada. Na mesa dos ricos, bem, um dia, quando rico eu for, saberei. Entre os cheiros, as luzes, os ressentimentos encobertos por um falso amor cristão há o tédio que insiste em não desgrudar da pele, da roupa, dos embrulhos dos pr...

Ofendidos, mas seletivos

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Reprodução da imagem: redes sociais. Os muito cristãos que encobrem abusos morais e sexuais entre as paredes sagradas de diversos templos religiosos e que perseguem aqueles de religião de matriz africana (chegando até a devassar terreiros em conluio com traficantes) e que pregam a violência passivo-agressiva contra gays, mulheres solteiras e com filhos e contra pobres e miseráveis agora estão ofendidos, novamente, com o especial de natal do humorístico Porta dos Fundos, assim como já se ofenderam, em menor escala, contra o Um Sábado Qualquer. Ofendem-se com a diminuta releitura de uma parte da vida de Jesus Cristo e não se perguntam o que Ele fez na maior parte de sua vida terrena e que não está na Bíblia "Sagrada" . Ofendem-se por Jesus ser representado pardo, pobre e gay - tudo o que a igreja neopentecostal odeia.  Ofendem-se por notarem que a interpretação dos evangelhos não é mais exclusividade da grande igreja medieval . Ofendem-se porque o Deus que eles...

Possessão neopentecostal

Os vizinhos nem sempre são bichos incompreensíveis - é só analisar se eles gostam de assistir programas dominicais vespertinos sensacionalistas e/ou sem conteúdo; se gostam de gritar e se desesperar com a migalha futebolística nas quartas-feiras à noite ou se beber e ouvir certos tipos de músicas são preferíveis ao bom e velho hábito de ir à escola ou à faculdade, mesmo àquelas de qualidade questionável. Dessas informações depende, por exemplo, a permanência na vizinhança  por parte daqueles que moram  que moram de aluguel. Porém, nada do que foi mencionado é tão patético quanto uma sessão de exorcismo à moda das igrejas neopentecostais que, supostamente, lutam contra o diabo e demonizam as religiões de matriz africana. O quadro que se revela é um mix de elementos ridículos com a "cruzada contra o mal". Que mal? Eles, os exorcistas, mal conseguem definir para o mero observador.  Gritos, palavras de ordem, uma música gospel ao fundo, uma mulher girando sobre o própri...

Os passos da Nova Ditadura (8)

Se o "mito" brasileiro tem uma firme posição sobre mulheres feias, o que dirá as mulheres feias brasileiras que vestem a camisa do "mito" por um Brasil melhor? Será que as feias têm noção que o Messias não dá lugar ao sol para todas aquelas que não se encaixam em seu padrão de beleza? O Brasil tornou-se o lugar em que os oprimidos almejam ser os opressores. E é assim que as feias idolatram quem as detesta; que os crentes exaltam quem defende a violência; que os pobres justificam quem os rebaixa à miséria. E enquanto a loucura vai aumentando entre a população, no Palácio do Planalto a corrupção toma ares de legalidade e a falta de transparência torna-se o pilar da ditadura miliciana que emerge das classes ignorantes.  Jair Bolsonaro só tem conseguido aumentar o desemprego (e o mercado informal está em ampla expansão), a violência, a intolerância, manchar a imagem do Brasil na comunidade internacional e exaltar as bancadas ruralista, da bala e da bíblia. O Bra...

O país de Bolsonaro

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O presidente da República está tentando imitar o polêmico Donald Trump. A diferença, óbvia, vai além do convencional porque tudo aquilo que se copia nem sempre sai melhor que o original.  No Brasil de Jair Bolsonaro não existe racismo, nem pobres e nem pode haver gays. Nesse país fictício todos os cidadãos têm uma conta do twitter e os "avanços" da gestão Bolsonaro deve-se mais ao golpista Michel Temer que ao Pastor Bolsonaro. E, obviamente, tudo de ruim, ou seja, tudo o que se coloca como empecilho para se alcançar os objetivos pérfidos de um governo desprezível, é culpa dos "comunistas", dos "esquerdopatas", dos "lulistas".  No país de Jair Bolsonaro não pode haver instituições de ensino dedicadas ao aperfeiçoamento da população - principalmente pobre. Não pode haver transferência de renda. Não pode haver pensamento crítico contrário ao governo e não pode haver ideologia política diferente da que é pregada pelo partido ...

A pobreza

Quando olhamos para as pessoas nas ruas, nas filas de órgãos públicos e nas portas das casas no final de cada dia, pensamos que são apenas pobres. A pobreza é a definição máxima e o rótulo mais conveniente. Olhando com cuidado, vemos pessoas que são classificadas como pobres pelas estatísticas e transformadas nestas de acordo com a conveniência do governo e da comunidade internacional ou acadêmica. De perto, há pessoas que são pobres porque não tem tal renda, ou porque moram em tal bairro, ou não conseguiram tal formação acadêmica ou tal tipo de emprego. No entanto, a pobreza é mais que definições e rótulos.  É um estado de ser e de espírito que dinheiro nenhum é capaz de sanar. É uma doença mental que se insinua na inveja pelo alheio; no desejo kitsch por afanar a vida alheia e decorá-la com estampas cafonas. A pobreza é acos...

O opróbrio dos homens

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Foto: arquivo pessoal. Rafael Rodrigo Marajá .  "(...) não temais o opróbrio dos homens, nem vos turbeis pelas suas injúrias."                                         (Isaías 51:7) Aprendemos  a julgar antes mesmo de comungar e com muito orgulho levantamos a bandeira da segregação dentro e fora das paredes da Igreja. Separamo-nos por cores, por status social e pela indumentária domingueira. Fomos acostumados a ser o chicote da vergonha que ricocheteia e marca o rosto daqueles que deviam ser nossos irmãos, de sangue e por adoção cristã. E esse treinamento sórdido começa em casa e complementa-se, não raro, nos ensinamentos doutrinários da religião. No fim, tornamo-nos o que a Providência detesta e abomina, fingindo uma religiosidade que jamais existiu. Tornamo-nos verdadeiras máquinas de cinismo e gloriosas vitórias daquele a quem chamam de "inimigo". ...

Um retrato tradicional

Conheço um homem, chefe de família, que defende a tradição familiar. Uma lindeza de pilar da família tradicional. Ele deixa a esposa em casa, garantindo o futuro da família por meio de decisões racionais e sai à caça de fêmeas que pedem primeiro dinheiro, depois outros tipos de vantagens e, por último, oferecem o sexo que ele tanto faz por onde se humilhar. Mas ele, traindo a esposa, ganancioso por vantagens inúmeras, acredita que se a filha não sair com o namoradinho ela não irá transar e ser tão devassa quanto as novinhas que ele procura. Em sua doce ilusão, a filha é inocente e inerte frente as delícias sexuais que o namorado representa. Não sabe ele que a filha alicia o namoradinho quando todos saem da sala e se recostam em seus quartos para assistir TV. Ele nem desconfia que a filha alisa o volume da calça do namoradinho ate ele endurecer porque, ela descobriu, da para mamar o namorado mesmo com todos em casa. E no confortável sofá da sala, onde ela acaricia e mama a ro...

Padres Catra

A modinha religiosa dos últimos tempos sofreu um revés que se parece muito com a contra-reforma católica – os padres saíram com fervor para arrebanhar as ovelhas (não carneiros, só ovelhas), tomando o espaço dos cantores gospéis  e ridicularizando a vanguarda católica do show business. Quem assiste a programação da TV aberta não consegue mais, e isso já tem um tempo, ficar cinco minutos sem ouvir a gritaria lamuriosa de um padre ou outro. E tal qual a classe protestante, apareceram padres cantores da mpb, do sertanejo e, se deixarmos, logo logo o Funk católico aparece por aí também para completar a quebra e mais um selo apocalíptico. E não entenda que há preconceito em um padre vestir uma calça tão apertada que dá para notar cada ruga peniana ou que um padre não possa pregar no além-igreja. Muito pelo contrário. Na vanguarda do movimento católico tínhamos músicas que frequentavam os corais das igrejas e que despertavam bons sentimentos em crianças, adolescentes e adultos sem ...

Santo Apocalipse Zumbi

Quando eu era uma criança, há não muito tempo atrás, todo domingo tinha que acordar cedo, caminhar um bocado e ir ouvir a opinião do então Padre Francisco sobre como a vida tinha que ser. E mesmo não gostando nem dele, nem dos seus pontos de vista, fui igualmente obrigado a me preparar para ser canibal de um Deus-Filho cruel e vingativo que o Padre Francisco pregava.  Ninguém me perguntou se eu queria comer a carne ressurreta desse Ser. E nem via, ainda hoje não vejo, a necessidade de 'comer da Sua carne e beber do Seu sangue'. Sempre achei essa história estranha e descabida. Mas fui lá e fiz. A iniciação começou e terminou com a frustração da falta da visita desse Deus-Filho e de qualquer outro. E dei graças a isso - se já era cruel e insano no passado, como pregavam na escola dominical, imagine o que faria com um ser rebelde como eu!? Pois bem, nunca mais pisei numa igreja, não com o intuito de ser idólatra desses Deuses Cristãos. Com o tempo vi as pessoas deixarem ...

Os abortos já foram perdoados

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O Monarca, Chefe de Estado e líder religioso mais famoso do planeta resolveu exercer seu poder e estabelecer o "ano santo", concedendo perdão a todas as mulheres que fizeram aborto.  E quem disse que as mulheres precisam dessa indulgência para serem perdoadas? Quem precisa do perdão de qualquer igreja? Resposta simples e direta: ninguém. As mulheres abortam e não precisam de perdão de nenhuma instituição. Elas o fazem por necessidade ou por egoísmo, cada uma com seus motivos e situações (inquestionáveis por quem quer que seja). E o único perdão de que precisam é somente dos Deuses (e não apenas do hebraico), se Eles existirem.  Sou a favor do aborto pelo fato simples de que a interrupção da gravidez é saída para o jugo de violência e pobreza que caracteriza uma parcela expressiva da população mundial ( quantas crianças perambulam sujas e analfabetas por vielas e favelas? Quantas são cordeiros no abatedouro da " Casa de Deus" pedofilia?); é saída para a...

Inferno

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A humanidade teve sua glória, vivida e prevista, em obras que se tornaram a representação do poder humano em produzir colossos de criatividade e ousadia. Desde esculturas, passando pela pintura, até as primeiras inovações que possibilitaram ao homem ganhar o espaço e a terra, como o avião, a humanidade tem visto verdadeiras e irrefutáveis provas de que tudo é possível desde que se deixe sonhar e trabalhar os sonhos. O possível é uma questão de querer. E a literatura de Dan Brown proporcionou ao mundo conhecer as origens da arte e relembrar a história do homem, que repercute até hoje através de conflitos sociais e religiosos na Europa, América, Oriente médio e no Oriente próximo . Entretanto, o personagem de tantas aventuras parece que está cansado, de viver?, em sua mais recente aventura, Inferno . Capa da Obra A narrativa de uma trama em que o centro da discussão não é a Igreja e seus dogmas enfraqueceu o personagem de Brown que ficou totalmente deslocado no eixo Florença ...

Primeiros Parques

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A temporada dos parques de diversão está aberta e os mais diferentes tipos de parques já começaram a se instalar nas cidades. O tocante, constrangedor, é a divisão que os proprietários dos estabelecimentos móveis de diversão fazem quando decidem ir para essa ou aquela cidade. Para uma cidade, vai um parque totalmente sucateado, inseguro, alicerçado no improviso. Para outra, vai o irrepreensível empreendimento em que os preços podem ser altos, já que valerá a pena pagar o preço. As cidades já têm seu trânsito alterado e luzes complementando a noite, seja no interior ou na capital. Para exemplificar essa discrepância visível tem-se o primeiro parque de diversão que chegou a Palmeira dos Índios – AL. A imagem mostra tudo o que milhares de palavras é quase capaz de expressar. Na outra, Aracaju-SE, no estacionamento do Shopping Jardins, outro diferente e mais requintado parque expõe as primeiras luzes do Natal próximo. A imagem igualmente traduz. Para os consumidores resta o bom ...

O tempo

Não temos tempo! Viajamos para mais perto de nós ao distanciar-nos dos espaços físicos que nos é conhecido. Olhamos para dentro quando, frente ao espelho, olhamos a cor de nossos olhos, e não se o cabelo está arrumado, o batom impecável, a roupa alinhada e o conjunto da obra - nem tão bonita às vezes -, pronta para o olhar de alguém sem muita importância. Nesses momentos, o tempo é infinito. Estamos de passagem na vida das pessoas e cada momento que estamos ao lado, segurando a mão, colhendo as lágrimas ou sorrindo descontroladamente por cócegas que são feitas em tapetes, ônibus ou nas salas de aula é especial. De passagem, com o bilhete sem a devida data de embarque e desembarque, vamos a viagens cheias de altos e baixos cujas formas de manifestação nem sempre são as mais fáceis, ou tão divertidas que a comicidade acaba provocando a ira de quem nos acompanha. E queixas existirão. Mas queixas sempre existem, apesar de ter aquela pessoa que sempre diz que sua postura e seus métod...

Cachaça

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Cajurosca - SERGIPE Presente em praticamente todas as comemorações nordestinas, e brasileiras –  em escala menor, talvez-, e no dia a dia de viciados, a cachaça, e todas as suas variantes, é o exemplo do domínio do homem sobre o homem por meio de um objeto de satisfação quimérica de bem estar contínuo. Apesar de ser altamente ofensiva ao corpo, à alma e a espiritualidade, ela é a representação da força e da fraqueza de um povo, ou de um grupo de indivíduos, que faz-se presente, senão pelo berro d’água – como foi exemplarmente traduzido por Jorge Amado em A morte e a morte de Quincas Berro D’água -, pela capacidade de desafiar os limites das próprias faculdades mentais e da resistência do corpo nos momentos em que é preciso coragem para viver em condições subumanas ou quando inexistem perspectivas de futuro, geralmente geradas por um amor de cabaré, por um relacionamento fracassado, por uma traição ou um passado impronunciável, dentre muitas outras hipóteses – ou ainda ...