Entre o chester e o gás
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Fonte da imagem: reprodução redes sociais. |
A ceia natalina é uma festa para empresas e pequenos e médios empreendedores que tomam para si a árdua tarefa de alimentar os glutões de plantão. Por um lado esses hercúleos entes lucram alto (os que não possuem uma excelente margem de lucro certamente está fazendo algo de muito errado) e por outro livra os preguiçosos de ter que organizar uma comidinha intimista na única época do ano em que o comércio diz ser comemorado em família.
Na mesa do pobre, no máximo, um frango assado no forno da própria casa em que o gosto amargo do gás gasto para a produção do prato eclipsa qualquer gostinho natalino. Na mesa da classe média poderá haver o chester ou similares, quem sabe um peru para manter a tradição importada. Na mesa dos ricos, bem, um dia, quando rico eu for, saberei.
Entre os cheiros, as luzes, os ressentimentos encobertos por um falso amor cristão há o tédio que insiste em não desgrudar da pele, da roupa, dos embrulhos dos presentes, da fatura do cartão de crédito; um mormaço de desagrado que pulsa na mesma frequência que as luzes da árvore de natal; olhares que resvalam entre ódios incubados e amores velados.
O natal é engraçado.
O natal só não é sincero.
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