A pobreza
Quando olhamos para as pessoas nas ruas, nas filas de órgãos públicos e nas portas das casas no final de cada dia, pensamos que são apenas pobres. A pobreza é a definição máxima e o rótulo mais conveniente.
Olhando com cuidado, vemos pessoas que são classificadas como pobres pelas estatísticas e transformadas nestas de acordo com a conveniência do governo e da comunidade internacional ou acadêmica. De perto, há pessoas que são pobres porque não tem tal renda, ou porque moram em tal bairro, ou não conseguiram tal formação acadêmica ou tal tipo de emprego.
No entanto, a pobreza é mais que definições e rótulos. É um estado de ser e de espírito que dinheiro nenhum é capaz de sanar. É uma doença mental que se insinua na inveja pelo alheio; no desejo kitsch por afanar a vida alheia e decorá-la com estampas cafonas.
A pobreza é acostumar-se a apanhar do cônjuge ou companheiro.
A pobreza é acomodar-se entre a sujeira e a ignorância.
A pobreza é vender a dignidade a um político.
A pobreza é a usura.
A pobreza é a verdadeira religião que se alastra por bairros e cidades sob placas diferentes, sempre em referência a um poder magnífico e irreal.
A pobreza não é não ter dinheiro.
Ao olhar para transeuntes devemos observar não para o que eles estão carregando, mas para o quê não estão.
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