Possessão neopentecostal

Os vizinhos nem sempre são bichos incompreensíveis - é só analisar se eles gostam de assistir programas dominicais vespertinos sensacionalistas e/ou sem conteúdo; se gostam de gritar e se desesperar com a migalha futebolística nas quartas-feiras à noite ou se beber e ouvir certos tipos de músicas são preferíveis ao bom e velho hábito de ir à escola ou à faculdade, mesmo àquelas de qualidade questionável. Dessas informações depende, por exemplo, a permanência na vizinhança  por parte daqueles que moram  que moram de aluguel.
Porém, nada do que foi mencionado é tão patético quanto uma sessão de exorcismo à moda das igrejas neopentecostais que, supostamente, lutam contra o diabo e demonizam as religiões de matriz africana. O quadro que se revela é um mix de elementos ridículos com a "cruzada contra o mal". Que mal? Eles, os exorcistas, mal conseguem definir para o mero observador. 
Gritos, palavras de ordem, uma música gospel ao fundo, uma mulher girando sobre o próprio eixo, uma sala abarrotada de gente e observadores, sóbrios e ébrios, do outro lado da rua foram os elementos que fizeram horas pesarem nos ouvidos da vizinhança e dos transeuntes da Rua Mabel de Assis, em São Cristóvão, a cidade mãe de Sergipe. 
Uma cena grotesca e que revelava a ignorância de um povo que não sabe distinguir o bem do ma e que sequer pode se dizer possuído por qualquer espírito, pois, que espírito possuiria um povo que sequer consegue saber que está perdendo as próprias faculdades? Nem mesmo os brincalhões perderia tempo com esse tipo de gente. E acostumados com o circo e as curas milagrosas, essa parecia ser uma daquelas tentativas fajutas de demonstrar o "poder" do pastor e dos fiéis, sempre para enaltecer uma placa neopentecostal e arregimentar fiéis generosos. 
A vizinhança dessa rua já chegou a esse ponto  - o fim de linha do bom senso.

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