O universo caloroso do pensamento no ônibus (ou a falta deste)
Não há a menor possibilidade de
alguém sentir-se só, ainda que mentalmente, nos ônibus coletivos que circulam
na Grande Aracaju. Não há, também, como sentir-se limpo. Nem como sentir-se
minimamente bem. Na verdade, não há nem como sentir alguma coisa depois de
algum tempo quando o trânsito está horrível e o ônibus cheio.
Não há muito como se mover, nem
como respirar, nem como pensar sem que um cotovelo passe do hiperespaço que
habita entre a cabeça de alguém e as costelas de outro alguém e acerte você na
testa.
É engraçado como os seres que
pegam os poucos coletivos não tomam consciência das leis físicas ou do quanto o
corpo não pode aguentar em determinadas situações – muito críticas, diga-se. De
repente, se alguém lembrasse que se sair um pouco mais cedo de casa (umas 2h
antes do previsto) e outras no horário certo, não teríamos que o problema de
alguém querendo ocupar seu (meu) baço.
É nesse tipo de coisas que tenho
a impressão, ou não tenho já que existe alguém que sempre me desperta, que se
fosse urbanista teria ideias revolucionárias demais para que alguém me
contratasse. Mas resolveria logo esses “detalhes”.
Então, a vida é perfeita, não é?
Só não entendo como, nessa
situação, alguém pode se sentir carente ou solitário.
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