O outro
Fazemos tantas coisas por meios
autômatos que nos esquecemos de nossos prazeres pessoais, aquilo que realmente
nos interessa, que nos torna diferentes. Anômalos de uma sociedade mutante,
porém igual. Realizamos o que os outros desejam, o que esperam de nós, o que
buscam em um ser que, na verdade, não existe.
Quando olham para você e veem o
que você deveria ser estão, no fundo, prospectando alguém que ainda nem nasceu,
e que talvez não nasça. Nesse momento constante, repetido, você deixa sua
personalidade e assume as responsabilidades extras de fazer, ser e realizar
todas as tarefas destinadas a alguém que é um número complexo – imaginário.
É essa pressão que destrói, que
corrói toda a qualidade produtiva, os sonhos, os casos que poderiam acontecer e
virar história divertida. É por essa pressão que muitos trabalham. Que
enfrentam a labuta diária. Que morrem pensando em tudo o que poderiam ter feito
durante uma vida toda de atribuições reais de alguém imaginário.
O que fazemos define-nos.
Modela-nos. Expõe-nos.
Deveríamos, portanto, apagar a
visão alheia, voltar-nos para o centro do eu-verdadeiro e sair à procura de
algo que realmente faça a diferença para si, não para outrem. No fim, os outros
respeitarão o que o eu tem a dizer, não o que o eu fez para sobreviver.
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!