Viagem


Viajar é maravilhoso!
Passar horas sentado olhando a paisagem descrever rostos, produzir pensamentos e esclarecer dúvidas é uma das melhores coisas que pode acontecer. Olhar como os olhos definem a distância dos objetos, animais, casas, trabalhadores é como se esses mesmos olhos se enganassem e acabassem indo para um outro lugar que não aquele real, vivido todos os dias, mas um em que se pode estabelecer como parâmetro apenas o simples frear do ônibus. Sim, ônibus. Avião é prático, mas rouba-nos a graça de conhecer o mundo, ainda que seja o mundo que sempre vemos todos os dias.
Viajar é estar entre mortos, vivendo a experiência surreal de uma inércia estranha. Uma inércia que se movimenta de si para outrem através do poder da mente e de todos os seus segredos.
Viajando, sempre olhando pela janela, podemos ver o passado que corre como um filme adiantado só para chegar logo no presente. Podemos ver a casinha que acende sua luz no entardecer e carrega a tristeza de uma vida tão igual que mal conhece o que é a felicidade. É olhar para o vilarejo e perceber quantos mistérios e histórias inocentes a cabeça supersticiosa daquele povo pode produzir.
Nessas andanças, quando os pneus nunca param, exceto por anomalias, é possível notar quão desimportante é o estresse e todo o lixo que acumulamos com a falsa ideia de status social. Por quilômetros rodados, por vilas e igrejas observadas, por freadas e conversas espontâneas é que é feita nossa mais indubitável experiência de vida. É assim que é feita nossa vida, de experiências, viagens e despedidas.
Despeça-se de sua velha roupa e de seus móveis inúteis e viaje. Viaje sem olhar para trás, sempre carregando nas bagagens todos os verdadeiros amigos, o dinheiro para nunca precisar de carona (mas se precisar não hesite em pedir). Viaje e renove-se.
Viva sua própria viagem.

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