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Sol e chuva no lombo

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Av. Presidente Tancredo Neves. Aracaju - SE Esse é o ponto em frente ao Condomínio Eucaliptos. O único para muitos metros à esquerda e à direita desse ponto. E parece que é o único em anos que não recebe a atenção da Governança municipal. E deve-se culpar apenas a Governança? É evidente que não! Um conjunto de quatro condomínios, milhares de pessoas transitando para lá e para, acrescida de ser quase vizinho da Prefeitura, teria força suficiente para requerer a melhoria do ponto de ônibus. Entretanto, ninguém parece ligar... Eu, mais os trabalhadores da Vale, da Petrobrás, os outros estudantes da UFS, UNIT, PIO DÉCIMO, os vagabundos e demais classificações que esperam, seja no sol ou na chuva, parecemos estar com o couro endurecido pelos dias e meses fazendo as mesmas coisas e levando as mesmas intempéries nas costas. Falta atitude, dos usuários, dos condôminos ainda mais, para mudar essa inclassificável vergonha. Hoje, ao menos, os 10cm de lixo costumeiros não es...

A falta de paz nos ônibus

Bom dia, amados irmãos!? E assim começa mais uma sessão de gritaria nos ônibus de Aracaju com o objetivo único de irritar os passageiros, na maioria das vezes cansados de um dia exaustivo (sim, a saudação de bom dia acontece mesmo à noite). Um dos outros objetivos é vender quinquilharia para uma certa Casa Manassés de reabilitação para dependentes químicos. E vendem de tudo. Até pen drive por R$ 5,00 já andou de mão em mão no transporte coletivo da capital sergipana. Os preços, claro, são irrisórios. O desprazer e o desconforto na pequena viagem, que deveria ser de descanso – quando possível -, torna-se um inferno sobre quatro rodas. E, parece, que os vendedores (reabilitados na própria instituição) são fixos para determinadas linhas. E, observando-os, parece que esse trabalho exaustivo de vender todo tipo de objeto para arrecadar fundos para a referida Casa é meio escravista, de acordo com o que falam entre uma venda e outra. A jornada começa às 3h, quando então oram e depois ...

Místico Câmpus/Hospital Universitário

Era 22h10min no terminal Câmpus, vizinho à Universidade Federal de Sergipe, e uma verdadeira quase multidão esperava o ônibus para irem para suas casas e realizarem seus mais desejados e secretos afazeres. Também era noite de comemorar o fim de semana nos bares do outro lado da rua, de onde se podia ver perfeitamente o terminal. Lá, nos bares, a música rolava alta, as mesas relativamente cheias e as pessoas bebiam e conversam alto, típico de uma saideira de semana agitada de aulas e provas, professores irritantes e muito estresse. Cá, no terminal, os usuários esperavam eternamente para que um ônibus chegasse e realizasse o primeiro anseio do quase fim de noite: levá-los para casa. Tudo seria dramático e romântico se não fosse um detalhe imprevisível, notado apenas por quem espera o transporte todos os dias: o misticismo do Câmpus/Hospital Universitário. Sim, esse ônibus possui um quê de preferência e obsessão por parte de quem espera para ir para casa. E é algo impressionante...

O universo caloroso do pensamento no ônibus (ou a falta deste)

Não há a menor possibilidade de alguém sentir-se só, ainda que mentalmente, nos ônibus coletivos que circulam na Grande Aracaju. Não há, também, como sentir-se limpo. Nem como sentir-se minimamente bem. Na verdade, não há nem como sentir alguma coisa depois de algum tempo quando o trânsito está horrível e o ônibus cheio. Não há muito como se mover, nem como respirar, nem como pensar sem que um cotovelo passe do hiperespaço que habita entre a cabeça de alguém e as costelas de outro alguém e acerte você na testa. É engraçado como os seres que pegam os poucos coletivos não tomam consciência das leis físicas ou do quanto o corpo não pode aguentar em determinadas situações – muito críticas, diga-se. De repente, se alguém lembrasse que se sair um pouco mais cedo de casa (umas 2h antes do previsto) e outras no horário certo, não teríamos que o problema de alguém querendo ocupar seu (meu) baço. É nesse tipo de coisas que tenho a impressão, ou não tenho já que existe alguém que semp...

Viagem

Viajar é maravilhoso! Passar horas sentado olhando a paisagem descrever rostos, produzir pensamentos e esclarecer dúvidas é uma das melhores coisas que pode acontecer. Olhar como os olhos definem a distância dos objetos, animais, casas, trabalhadores é como se esses mesmos olhos se enganassem e acabassem indo para um outro lugar que não aquele real, vivido todos os dias, mas um em que se pode estabelecer como parâmetro apenas o simples frear do ônibus. Sim, ônibus. Avião é prático, mas rouba-nos a graça de conhecer o mundo, ainda que seja o mundo que sempre vemos todos os dias. Viajar é estar entre mortos, vivendo a experiência surreal de uma inércia estranha. Uma inércia que se movimenta de si para outrem através do poder da mente e de todos os seus segredos. Viajando, sempre olhando pela janela, podemos ver o passado que corre como um filme adiantado só para chegar logo no presente. Podemos ver a casinha que acende sua luz no entardecer e carrega a tristeza de uma vida tão...

A graça da desgraça coletiva

Os desconfortos do transporte coletivo nas capitais brasileiras também apresentam seu lado mais divertido, apesar do humor ser manchado pela mancha do desrespeito.  Geralmente os ônibus estão abarrotados de gente, que carrega mala, bolsas, compras, cadernos, tranqueiras de todo tipo, principalmente nos horários de pico, e que trafegam nos terminais de integração – onde eles existem – com milhares de histórias engraçadas, tristes, estranhas, coloridas, salgadas, sujas, puras. Entre um assento vazio e as pessoas, barradas pelas portas do ônibus, há a correria desnecessária que faz com que pessoas caiam no espaço entre o batente do automóvel e o chão sujo da rua, ou do terminal. Entre a partida e a chegada existem milhares de curvas que fazem com que o veículo quase vire quando o motorista, por costume, estresse, pressa ou fome, brinca com a física e as leis matemáticas que direcionam os conduzidos e o conduzente. Um dia um ônibus há de virar e, nesse dia, alguém vai ter que concor...

Hora coletiva

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Vendedores de sorvete, amendoins, doces, eletrônicos, motoristas e cobradores de ônibus, marginais, trabalhadores, estudantes, desocupados. Todos juntos em um ambiente que só pode ser comparado com um forno cujas chamas emanam das pilastras concretizadas, das estruturas metálicas, do chão imundo que guarda as andanças de uns tantos indivíduos que buscam a rotina de uma vida sem sentido ou uma estagnação emocional, que tantos gostam gostam de chamar de estabilidade.   Ao longe, sob gritos de revolta e um palavreado digno de uma classe jamais evoluída, surgem organismos briguentos, capazes de se matarem e assassinarem que intervir na questão de honra rueira. Xingam-se. Agridem-se fisicamente. E os ônibus continuam a entrar e sair do lugar nenhum para a espera com a frieza do trabalho mecânico, tão bem executado no forno aberto da rua. Para o espetáculo foram convidados todas as pessoas entediadas pela espera interminável daquilo capaz de levar-lhes ao dest...