Um minuto no limiar

Um minuto para a meia noite.
Um minuto para o hoje ser ontem.
E nada mais importar.
A luz que entra vem de fora e o ar frio rodopia ao meu redor. Baixinho, quase um sussurro, a música evoca pensamentos e eu vou seguindo, com os olhos na escuridão, um amanhã que ameaça ser hoje.
Não espero palavras.
Não espero sentimentos.
Não espero ninguém.
Só que o minuto acabe e eu possa respirar aliviado por mais um dia que se foi.
O que será de mim amanhã? 
O que foi de mim ontem?
O que sou agora?
Começou a chover e o minuto passou. 
O agora mudou e eu continuo ouvindo a música, no escuro, olhando para o nada.
Nada. Palavra estranha que diz muito e deixa-nos na orfandade de uma definição. Talvez sejamos órfãos de nosso eu, que se perdeu por aí. E como Oliver precisamos apenas seguir em frente, apesar das maldades do mundo e das inocências internas. E, como Oliver, precisamos esperar um melhor amanhã sem que paremos no meio do caminho.
Um caminho cheio de pedras, não só uma, como disse Carlos. E como Carlos bem questionou, E agora?
Agora é esperar o amanhecer.
Quem sabe?

Foto: Rafael Rodrigo Marajá/Arquivo Pessoal.

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