Inominável expressão
Poucas expressões eu considero realmente graves a se dizer a outra pessoa, principalmente quando esta foi, em algum momento e por breves instantes, querida. E são graves por que carregam em si o peso do coração e dos sentimentos mais profundos.
No entanto, são necessárias.
Para que o outro passou do limite, ultrapassando qualquer consideração e afeto, pavimentando uma estrada de mão única e só de ida.
Porque, às vezes, deixamos que as pessoas nos tratem com desdém enquanto esperamos que elas melhorem um caráter defeituoso. E elas, frequentemente, não querem ser melhores; elas querem parecer melhores e aceitáveis para suprir uma superficialidade abjeta.
E somente depois de muita dor e sofrimento essas expressões veem à tona como último recurso de amor próprio e desprendimento, vindo de um lugar onde não mais existe amor e afeto, apenas espinhos e cicatrizes. Um solo infértil.
Uma delas, cunhada pelo tempo, pela falta de amor e por sentimentos elevados rebaixados à ridicularização é essa:
"Você é o pior erro, é a pessoa mais desmerecedora dos meus perdões e a pior coisa que me aconteceu. Amaldiçoou-me por ter, um dia, amado, sentido afeto, conhecido você."
A pessoa que ouviu isso soube, imediatamente, mesmo pelo inconsciente, que jamais poderá ter lembranças, citações felizes e nem momentos guardados na memória. A pessoa soube, na velocidade de processamento da informação, que fez o inominável e o abominável a quem jamais merecia.
E terá que viver com isso para o resto da vida.
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