Dois céus

O frio trouxe a chuva. Ou foi o contrário, não lembro.
Ao meu redor há espaços, não vazios. 
E sobre mim há uma fina capa que costumamos chamar de vida. E com ela sou capaz de ouvir vozes no andar de baixo. A água para o café está sendo aquecida e uma boa noite de sono passou. 
Por aí, nesse mundão, há palavras venenosas que tentam me encontrar, expressões injustas que tentam me alcançar. E eu me recuso a aceitá-las, encontrá-las.
Eu gosto dessa chuva toda que inunda o ar de expectativas e alaga tantas ruas. Eu gosto de ser pego pelas gotas na volta da praia. E de molhar-me depois de um banho intenso de chuva.
Há quem diga que não me entende e que me compreender é difícil, mesmo quando tudo é tão claro quanto um dia de sol, porque por dentro o céu é quase sempre limpo e de sol a pino e deve ser por isso que gosto tanto das nuvens de chumbo do céu aqui fora.
O cotidiano no andar de baixo começou e é bom que eu comece o meu logo.

Foto: Rafael Rodrigo Marajá/Arquivo Pessoal.

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