De dentro para fora

As minhas dores são poucas e a quantidade desconheço. E nem quero saber seus abismos, meus buracos negros, para não me remoer. As minhas dores são feitas de todos e de muitos e a digestão de cada uma delas ocorre de uma vez. 
De dose única dilacero-me. Rasgo-me todo. 
E é bom. 
Passada a dor, o sofrimento ensina a quem se dispõe a aprender e rompe com todo querer e maldizer. 
As minhas dores são visíveis e as minhas cicatrizes são densas. 
E ficam, como prova, de uma vida que passa. Viver parece ser isso, rasgar-se e curar-se, de dentro para fora, dos lados para dentro.

Foto: Rafael Rodrigo Marajá. Arquivo Pessoal.


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