Lodaçal da madrugada

A madrugada começou e o meu banheiro ainda fede. Bactérias se amontoam e criam cores por todos os lados. O mofo cresce sem controle e minha única opção é fechar a porta.
Da rua vem um som repetitivo, triste por letras e silêncios.
E, se a cultura popular estiver certa, alguém fala de mim e não é coisa boa. Minha orelha esquerda lateja e esquenta. Começou repentinamente.
Perguntas sem respostas.
Perguntas retóricas.
Perguntas incômodas.
E eu sei das respostas e não suporto nenhuma delas.
Não suporto o tempo.
E tolero-me.
A madrugada vai seguindo, entre chuvas e mosquitos, entre cervejas e barrigas que roncam.
Só eu que pareço não conseguir sair do lodaçal.

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