Um minuto no limiar

Um minuto para a meia noite. Um minuto para o hoje ser ontem. E nada mais importar. A luz que entra vem de fora e o ar frio rodopia ao meu redor. Baixinho, quase um sussurro, a música evoca pensamentos e eu vou seguindo, com os olhos na escuridão, um amanhã que ameaça ser hoje. Não espero palavras. Não espero sentimentos. Não espero ninguém. Só que o minuto acabe e eu possa respirar aliviado por mais um dia que se foi. O que será de mim amanhã? O que foi de mim ontem? O que sou agora? Começou a chover e o minuto passou. O agora mudou e eu continuo ouvindo a música, no escuro, olhando para o nada. Nada. Palavra estranha que diz muito e deixa-nos na orfandade de uma definição. Talvez sejamos órfãos de nosso eu, que se perdeu por aí. E como Oliver precisamos apenas seguir em frente, apesar das maldades do mundo e das inocências internas. E, como Oliver, precisamos esperar um melhor amanhã sem que paremos no meio do caminho. Um caminho cheio de pedras, não só uma, como disse Car...