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Trabalhador Brasileiro VII

 Nós, trabalhadores brasileiros, não queremos muito. Por vezes, inconscientemente, almejamos as migalhas do nosso superior hierárquico, mesmo que esse superior seja tão pobre quanto nós. Migalhas que nos torna mais gente - pessoas dignas, ao menos, de pena.  Aceitamos a degradação porque nos disseram que isso era obrigatório para ter um contrato assinado. E para fazer jus a tal degradação, seguimos sendo atropelados por ônibus urbanos em horário comercial. E, mesmo estirados no asfalto quente com a vida se esvaindo em galopantes momentos de perda de sangue, há sempre um chefe perguntando se dá para ir trabalhar por mais um dia.  Mal alimentados, mal vestidos, inseguros e abusados, nós ainda esperamos as migalhas que nos farão pensar que tudo vale a pena. Precisamos disso para suportar mais um dia, por mais um dia apenas. 

Numerografados

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  Arte: "Trotting Cracks" at the Forge, Currier & Ives. Met. Somos números. Documentos pessoas nos tornam frios algarismos. O sistema de educação e de saúde nos torna índices - meros números que são passíveis de interpretação. O mercado financeiro nos transforma em cifrões que devem ser empilhados para demonstrar o quão rico e importante é um certo indivíduo ou organização. No fim, nada mais que números.  Entre um sistema de classificação e interpretação e outro, comemos, sorrimos, choramos, enterramos outros números, parimos outros tantos e fazemos a máquina movimentar as telas concretas de um mundo apenas abstrato. Sendo números, embora com sangue esquentado pelo calor dos trópicos, é dito inadmissível que queiramos mais, nem é muito, apenas um pouco mais.  A recusa em ser apenas máquinas que sangram nos faz cair no desprezo dos donos do capital. E é somente essa recusa que nos mantém vivos, apesar de toda a estrutura de escravização moderna que nos mantém...

Crônica de uma vida insuficiente XXVIII

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Arte: Lion Sleeping, Antoine-Louis Barye. Met.   Mesmo tentando, olhando para a esquerda quando a paisagem da direita há dores imensas coletivas, não há como ignorar o tamanho do abandono em que vivemos.  Comemos o suficiente para não morrermos de fome e desempenhar essas atividades insalubres e com baixa remuneração. Não comemos, enchemos a barriga com plásticos, papelão, vidro, agrotóxico, venenos diversos. Pesados, saímos para sustentar o giro do capitalismo que nos nega o básico para sermos pessoas.  E, cansados, ao tentar dormir, não conseguimos porque nossa carência nos insufla a ir buscar aprovação em redes sociais, jogos de azar, ódio políticos e discórdias sociais, mesmo que, ao lado, roncando devido à gordura de uma alimentação ruim, haja uma pessoa que diz que nos apoia. Amores, perdidos pelo medo de não sermos nada além de pessoas, já não existem mais.  Aliás, será que chegamos mesmo a "amar" ou deliramos tentando não nos sentir sozinhos? Não, é...

Visitantes

 É engraçado como as pessoas gostam de visitar. O visitante não tem responsabilidade sobre a as deficiências estruturais da casa ou rua alheia. Não lhe interessa para onde vai o seu lixo e os mendigos e animais de rua possuem até uma quê de exótico. O visitante pode gastar sem modéstia porque convenhamos, são apenas alguns dias ou horas. Não vê a favela, o pobre, o transporte precário, as crianças descamisadas brincando na rua por falta de opção e até mesmo alguns disparos de arma de fogo é só um requinte auditivo que floreará sua história quando estiver de volta à sua origem. O visitante é, ao mesmo tempo, um colonizador e um colono, brincando de dono do capital, de político e de nativo. E sob a sua influência as comunidades são modificadas, a cultura depravada, o povo degredado. Nada e nem ninguém lhe importa.  Os momentos que vive são mágicos. 

No vale de idiotismo

 Vamos crescendo e entre chibatadas "educadoras", chacotas "inocentes" e sonhos capitalizados acabamos tornando-nos insensíveis e avaliadores do outro com certa malícia necessária, embora muitos não consigam escapar das armadilhas sociais.  É assim que se reconhece o cretinismo senil dos evangélicos, aquelas mulheres que usam o útero como meio de vida por meio da geração de criaturas infelizes e dos homens que acham na toxicidade de comparações penianas disfarçadas de certos "sucesso".  E como escapar? Nem sempre dá. Às vezes só dá para escapar sendo bem cretino e em outras sendo patriarcalmente preconceituoso.  É isso ou se render às imbecilidades de um cotidiano deplorável.  Ali na frente mesmo, a múmia evangélica crê que se falar o nome de uma certa deidade ficcional poderá ser salva da lama do pós-vida que a espera. Confrontada com essa realidade, fica ofendida - mais com o fato de que vai servir como adubo do que com a negação da falsa deidade.  Na ou...

Item de massa necessitada

 Somos condicionados a desprezar o descanso em prol de uma rotina atarefada e desnecessária. Sem questionar o que, efetivamente, precisamos e sem nos entender no contexto social, sempre pessoal e particular, vamos consumindo filmes por osmose, música ditada pelo "gosto popular", itens pessoais em alta na moda do momento. Acabamos nos tornando apenas mais um integrante no vasto mundo da produção em massa cuja única particularidade é escolher um tom de cinza.  É madrugada e a maioria dorme com o peso de ter que acordar bem cedo, daqui a pouco, pegar algum alimento e partir para o ponto de ônibus ou metrô para ir a empregos que pagam mal, são psicologicamente agressivos e que não satisfazem os desejos mais básicos, segundo a pirâmide de Maslow. Alguns, principalmente os chefes, hão de dizer que é melhor do que nada. Será? E é melhor para quem? Pagamos um preço muito alto pela rebeldia de viver do modo que se quer e precisa. E um preço ainda mais alto por sobreviver do modo que o...

Dias infernais de Herege

 Algumas doutrinas cristãs (e daí já é possível ter uma bela ficção) levantam a hipótese doutrinária de que podemos ter escolhido nossos pais, nosso país e as condições materiais nas quais nos encontraríamos depois de nascer. Se isso for verdade ou tiver algum traço desta, precisamos amaldiçoar a nossa péssima capacidade de escolha.  Há dias em que nos encontramos em tão desagradável situação que só pode ser descrita, brandamente, como um inferno na terra e nem nos piores dias de pensamentos mais tenebrosos dos filósofos mais hereges teria ocorrido uma narrativa de uma personagem em dia tão terrível. Às vezes o dia é mais de um. E situações mais adversas, dentro e fora do próprio controle, leva-nos ao melhor autocontrole possível, que é não só não perder o réu primário como não parecer uma pessoa enlouquecida "sem motivos". E, se nesses momentos, alguém mencionar que foi escolha - certamente o réu primário será perdido. No fim, palavras brandas são enervantes e o sossego é a ...

O cansaço de viver

 Um dia a gente vai perdendo o gosto pelas coisas. Em um mês de abril a gente vê que não gosta mais de desenho animado. Em maio a gente perde a paciência para essa coisa de dia das mães. Quando junho desponta no firmamento percebemos que não contemplar a lenha queimando é um alívio.  É assim que, percebendo ou não, vamos morrendo aos pouquinhos, com muitos graus de insensibilidade. Com a perda de pequenas alegrias que nos acalmavam a mente e arrefecia o aperreio dos dias. E parece que não há nada que possa mudar isso porque, em uma última instância, significa a perda da inocência também.  De repente, ou nem tanto, nos vemos lutando para pagar contas e sobreviver mais um dia. Reclamamos de trabalhos ruins e chefias tóxicas e, mesmo assim, arranjamos desculpas para manter a situação até o limite do tolerável. Amargamos a solidão a dois e continuamos tendo medo do estar só, um paradoxo que só nossa mente consegue processar. Vivemos como criaturas infames pedindo aos deuses u...

Clientes e emoções em diminuta remuneração

 Nada como o ser humano para estragar o dia de qualquer outro ser humano. Penso que aquele livro errou ao afirmar que, em certas situações, o homem é o sal da terra. Ou acertou para mais, salgando demais essa terra que já se encontra amarga. A mulher do vizinho relatou que é difícil trabalhar no varejo porque as colegas ficam conversando entre si e com outras pessoas pelas redes sociais e deixam os clientes abandonados e quando ela toma a iniciativa de atendê-los (cometendo o grave erro de desrespeitar a ordem de atendimento das vendedoras) é repreendida pela chefia imediatamente superior. Uma heresia tão grande não pode passar impune. JAMAIS! Gostaria de poder ter-lhe dito que nem todos os trabalhos são assim e que certamente ela vai encontrar um lugar onde poderá ser valorizada em toda a sua proatividade. E que as intrigas dos pequenos poderes não se perpetuam.  Gostaria muito, mas não pude porque não seria verdade e nem mesmo eu acreditaria nisso.   A mediocridade...

Golpes por escolha

Antes, em algum momento romantizado em que eu não perambulava sobre a face danificada da Terra, os golpes eram mais refinados. Talvez porque não havia essa hiperconectividade toda e os meios analógicos de viver requeressem mais criatividade. Nesses tempos idos caía no golpe qualquer um, mesmo o mais esperto. Agora não. Nas redes sociais há perfis de mulheres e homens belíssimos que são administrados por homens e mulheres feíssimos. Há fotos montadas que iludem nossos pensamentos. Golpes envolvendo a ideia de sexo existem aos milhares e basta apenas escolher o que melhor agrade. Tem aqueles que oferecem enriquecimento súbito. Dá até para pagar com pix! E a promessa é de lucro de mais de 10 vezes o valor investido. No fim, hoje, caímos em golpes porque queremos, nem é por ingenuidade. Sabemos que é golpe e preferimos arriscar - para manter a vida em movimento. Jogamos fora o dinheiro, a reputação, o trabalho de uma vida... Escolhemos, de vez em quando, cair em golpes e está tudo bem. É e...

Como o primeiro domingo

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Arte: The Israelites in Egypt–Water Carriers, from "Dalziels' Bible Gallery". MET. São os primeiros dias do mês e o burburinho sobre os depósitos nas contas bancárias está em alta. Afinal, o dinheiro precisa estar presente para atestar o fato de que nós nos vendemos barato demais para sustentar a vida de luxo de alguns poucos. Mas é domingo - pé de cachimbo, cachimbo é de ouro...- e o calor pede uma praia ou uma sombra na calçada para ver os cristãos neopentecostais desfilarem rumo a igrejas. Por falar nisso, melhor calar sobre a responsabilidade de certos cristãos nas mortes de brasileiros por covid-19, violência periférica, homofobia e racismo - não quero estragar a pretensa idolatria a cada esquina. Ainda não vi meu vizinho neopentecostal - pássaros presos e gemidos à noite é o melhor que ele pode oferecer em termos de fofoca, uma decepção. Talvez, somente talvez, mandem executar as folhas de pagamento amanhã e os assalariados tenham dois minutos de paz - um dia eles a...

Case de sucesso

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  Obra: Couple Entering Building, with Attendant (from Cropsey Album).  Carl Friedrich Heinrich Werner MET. Não é o que temos que define a alegria que sentimos e o percurso para conseguir alcançar as metas e objetivos. Também não vão existir regras que definam os sentimentos antes, durante e depois. É a amplitude de tudo o que pode acontecer e, positivamente, nos surpreender que torna, no fim, a história em uma case de sucesso.  Aliás, sucesso não são as comparações, por vezes inevitáveis, que possamos inadvertidamente fazer. Sucesso é tudo aquilo que você deseja que ele seja e que, independemente do que for, só cause bem-estar.  Estamos aí em automóveis, em trânsito congestionado, sobrevivendo à seca ou às enchentes, revoltosos ou não com a subordinação do trabalho provocado pelo modelo tóxico do capitalismo desenfreado, esperando mais um feriado? O carnaval passou, depois de uma pandemia, como uma pausa necessária e breve no cotidiano de todos os brasileiros....

Somente o que vejo importa

É sexta-feira. Dia de sair às ruas, fabricar uma alegria com prazo de validade e sermos livres de tudo o que nos atormenta, prende e humilha. Mesmo efêmera, essa alegria multicor que compramos uma vez por ano e vestimos no calor de quase quarenta graus nos salva do desastre de viver. Um viver imposto pelo sistema de produção e alimentado pela ganância política de homens ordinários e gênios irreconhecíveis. Esse mesmo viver que afunda, dia a dia, em um abismo de obrigações que só existem para manter firme a marcha da existência sem sentido. Alguns já deram o basta no trabalho e começaram a carnavalizar. Outros insistem em ser o exemplo para o patronato e findará a semana como se tudo estivesse na mais perfeita tranquilidade rotineira. Espere. Agora ouço os amores sendo cuidadosamente guardados no fundo das gavetas enquanto paixões intempestivas surgem de todos os recantos. São dias de paixões inúmeras e diversas e os amores não têm morada na casa do som e da agonia carnavalesca. Vejo co...

Natureza injustificada

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Off Greenland—Whaler Seeking Open Water. William Bradford. MET. Dizem por aí que nunca foi tão fácil estar próximo de pessoas que estão distante e estar muito distante de pessoas próximas. Culpam os hardwares, os softwares, distúrbios, síndromes e espectros mentais. Tudo é motivo para explicar os motivos de pessoas que dividem o mesmo sofá, a mesma cama ou o mesmo jantar poderem estar muito atentos a outrem e alheios entre si. Não há justificativas. Há falta de interesse, excesso de banalidade, falta de personalidade e busca por excessiva e doentia autossatisfação. Não é possível sobreviver à rotina sendo ordinário. Tampouco é possível manter qualquer relacionamento se o parâmetro empregado para avaliar a adequação do atual status quo for sempre a comparação.  Assim, como tem sido recorrente, acabam-se os relacionamentos com muita facilidade. Ainda existem quem chore e dramatize por força do hábito, porém o mais prático é desligar pedaços inteiros de tempo apenas varrendo para a e...

Uma verdade insolúvel

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Uma verdade insolúvel e pouco aceita: é o ódio que move o mundo. Embora frases motivacionais e textos prontos poluam nossa mente com o histerismo de  "amor" e "gentileza" como chaves para um sucesso quimérico, não é verdade que esses elementos provoquem significativas mudanças onde quer que se escondam. Para os fanáticos e adestrados religiosos, seus livros "sagrados" estão escritos com o sangue de inocentes e culpados em textos que retratam o ódio, não o "amor", como modo de vida e conversão. Para os capitalistas, claramente é o ódio que move as mais diversas indústrias e cadeias produtivas, sendo, estas, armas contra as ameaças de seu status quo. Para a gente ordinária do trabalho, da universidade, da outra rua é o ódio oriundo das mais diversas fontes e contra qualquer um e todos que move o cotidiano atarefado e falsamente importante. Não.  Não pense que o "amor" se sustenta por mais de 120 minutos ou além de uma simples ...

O aríete da autoviolência

Forçamos nossa natureza como um aríete que tenta derrubar as resistências de muralhas de castelos duramente erguidas e sensivelmente mantidas. Violentamo-nos por nada.  Aprisionamo-nos sob a vontade alheia e logo adoecemos, do corpo e da mente. E ainda ousamos atribuir nossos dissabores à genética, ao uso indiscriminado da Internet ou aos processos formativos da infância, apenas. Olhando bem e analisando o nosso entorno, percebemos, não raro, a nossa incapacidade de não seguir as massas e de sermos disruptivos.  Agora estou aqui, em um ambiente lotado de futuros doentes, físicos e mentais, embora creia que metade já possui algum grau de afetação, esperando o tempo passar sob o efeito de uma leve sonolência; e pensando na inutilidade dos currículos e dos trabalhos desgastantes que acabaremos por ter depois de tanta luta. Que o calor do hemisfério sul, agravado pelas mudanças climáticas, derreta-me antes que eu ceda ao meu próprio impulso de ser ordinariamente doente e banal....

O atinar da madrugada

Existe uma arte que se refina com o passar das horas e que é adaptada a cada vivente, embora aparentemente cruel e sem sentido: a de retirar de seu meio ambiente as pessoas. Nem sempre são indivíduos indesejados ou que representam alguma negatividade. São criaturas que, por motivos diversos, perderam a razão de existir em sua vida e não se encaixam em seu cotidiano. Pessoas que podem até não desagregarem, e que também não agregam nem lembranças passadas, mas que devem ser silenciosamente retiradas do seu convívio para economia de energia. Uma hora de completo alheamento, como quem não atina onde está, você descobre que pode viver sem uma ruma de pessoas que lotam sua agenda de contatos. Nessa hora você descobre que, na verdade, só precisa de si.

Tergiversados

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Estamos, comezinhos, tergiversados. Somos linhas que não se entendem apesar de tantos toques - tocados via aplicativos - nunca somos sentidos.  Uma dose de cachaça e somos amigos de um bêbado qualquer. Um comprimido branco e pequeno e somos medicados contra nosso mais íntimo querer. Uma palavra escrita em um livro e somos presos a convenções mundanas. Uma bateria carregada e não sabemos mais quem somos. Tergiversados, arredondados e sem arestas. Estamos escorregadios a tudo o que nos comove, preocupados com as abominações capitalistas que nos prendem: será que teremos dinheiro para viajar, comer, vestir, sorrir? Simples tergiversos que não sabem para onde ir.

Os doentes

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  Davida Johnson Clark, Augustus Saint-Gaudens. MET Pessoas doentes adoecem outras pessoas. Isso é real e vejo todos os dias, sem nenhuma exceção. Na fila do pão, os carentes demoram a escolher o produto, conversam com a atarefada atendente, demoram em fazer o básico. No trânsito, sem meias palavras, os palavrões tomam conta do ar empesteando mais que os gases dos escapamentos.  Os ressentidos tomaram as ruas, as salas de aula, as cozinhas, as pequenas e médias empresas, as calçadas, as casas.  Os ressentidos tomaram conta de tudo. Os outros doentes, nem sempre sob medicação, preferem brincar consigo, adoecendo os outros com falsas perspectivas e palavras vãs. Clonazepam, benzodiazepínicos, anti-depressivos, anti-vida, refúgios em comprimido - tudo é usado como desculpa e arma. E a sociedade, geração após geração, sob siglas, se autodestroi impunimente. 

De verdade, muito se quer

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  Alison Saar,  High Cotton II , 2018. É fácil saber o que não precisamos - o corpo, as pedras da rua, a poeira sobre a lataria dos automóveis, os cabelos coloridos e crespos das pessoas berram a cada instante mostrando não apenas desagrado como também franco desarranjo da natureza do querer real que se refugia no íntimo. Não demora e o cansaço se faz presente, o malquerer dita as palavras e nenhuma boa vontade surge no horizonte das coisas que se deseja.  Agora estamos nós, lutando contra os poderes instituídos, esperando milagres intempestivos, como se não detivéssemos poder para sermos melhores ou ditarmos o fluxo dos acontecimentos que nos pilham a vida, o humor, o estado atual.  Nada mais nos importa. E, de novo, é hora de ir.  A lagoa secou. A vaca dá leite amargo. O milho não cresce. Nós definhamos aos poucos.  O pouco não nos encanta, assim.