Mandinga #12
"...pra ter seu amor fiz mandinga..."
Verdade - Zeca Pagodinho
Mandinga
talvez seja a característica mais peculiar do povo brasileiro, isto é,
do povo afro-brasileiro desta região do globo sem etnia e religião
definidas, sem cultura única, sem, como cita Mário de Andrade em
Macunaíma, sem caráter, com som exclusivo. É um ato de uso particular
dos filhos do candomblé herdados de nossos ancestrais africanos e
utilizado por todos, mesmo que inconscientemente. Por amor, ódio, paixão,
riquezas, conhecimento; em todas as buscas o ato de mandingar faz-se
presente. Nem sempre a mandinga propriamente dita mas sim uma sutil que,
não raro, aparece na rotina de homens e mulheres dados ao verdadeiro
conhecimento popular e de suas raízes mais afastadas. Rústica e de
efeito quase garantido pela força do pensamento e das divindades do
panteão negro, a mandinga deveria ser ensinada desde as séries de base
na escola comunitária a que chamamos vulgarmente de rua.
Nas
vielas, ruas e avenidas, férreas ou pavimentadas ou não, encontramos
traços mandingueiros de todos os tipos e de tão grande importância que
nem mesmo o preconceito desbotado de uns poucos será capaz de abater em
meio ao avanço tecnológico. Quanto mais andamos nos rumos da alta
tecnologia, mais pisamos no passado evocando no dia a dia os efeitos de
uma boa mandinga. Tolice acreditar que o suor de nosso rosto não é
enxuto pelo calor mandingueiro de nossa seiva afro!
Façamos,
portanto, mandinga para ser, viver, ter ou rever; para espantar espíritos ruins, afastar o penar; secar lágrimas e pedir bênçãos!
Façamos Mandinga!
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