A música no Brasil #10

A música popular, criada e apreciada pelas diferentes classes sociais, tornou-se um modelo de mau gosto sem precedentes no Brasil. Em todos os estilos musicais a mediocridade tem se tornado o elemento essencial à produção dessa arte inigualavelmente superior, tornando o ambiente individual e/ou coletivo, público ou privado, insuportável àqueles que apreciam a boa música ou que possuem o mínimo de bom gosto.

Perdido definitivamente o senso do ridículo essas novas produções radiofônicas enchem o nosso cotidiano de imbecilidade e idiotice respaldadas no canto de todos os seus fiéis apreciadores, que, diga-se de passagem, são tão cultos quanto uma pedra. Produções sem melodia, sem letra, sem contexto, sem razão de existência. O mais incrível é que existem aparelhos de som que reproduzem esse tipo de lixo inundando vielas e avenidas de um veneno tão mortal quanto os de serpentes.

É inadmissível que nossas comemorações sejam abraçadas por esse tipo de produto sem que aja a devida  avaliação, aprovação e/ou reprovação, delas por todos os indivíduos da sociedade de modo a torná-las críticas, aproveitáveis, cultas e melódicas. Graças a omissão da população no processo de avaliação musical, há um amontoado de barulhos que desfilam pelas cidades sem a atenção devida. Por outro lado, ainda temos artistas de grande valor regional e nacionalmente como Seu Jorge, Jorge Aragão, Ana Carolina, Beth Carvalho, Dominguinhos e muitos outros que acrescem à cultura brasileira graus dourados de bom gosto e bons trabalhos.

Está na hora de abolirmos de vez toda essa porcaria auditiva que invade nossos ouvidos, embora exista uma parcela da população, normalmente jovem, que insiste em propagar em detrimento de uma alegria débil e seca. De que forma faremos a abolição dessa onda maléfica? Ouvindo músicas e disseminando cultura, independente do estilo ou intérprete. E é bom iniciarmos urgentemente essa cruzada, pois setá surgindo uma geração sem noção musical e cultural.