O outro
Fazemos tantas coisas por meios autômatos que nos esquecemos de nossos prazeres pessoais, aquilo que realmente nos interessa, que nos torna diferentes. Anômalos de uma sociedade mutante, porém igual. Realizamos o que os outros desejam, o que esperam de nós, o que buscam em um ser que, na verdade, não existe. Quando olham para você e veem o que você deveria ser estão, no fundo, prospectando alguém que ainda nem nasceu, e que talvez não nasça. Nesse momento constante, repetido, você deixa sua personalidade e assume as responsabilidades extras de fazer, ser e realizar todas as tarefas destinadas a alguém que é um número complexo – imaginário. É essa pressão que destrói, que corrói toda a qualidade produtiva, os sonhos, os casos que poderiam acontecer e virar história divertida. É por essa pressão que muitos trabalham. Que enfrentam a labuta diária. Que morrem pensando em tudo o que poderiam ter feito durante uma vida toda de atribuições reais de alguém imaginário. O que fazemo...