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Mostrando postagens com o rótulo sexo

Entre o tempo e o corpo

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Pintura: Estudo de uma mulher sentada, vista por trás (Marie-Gabrielle Capet). Adélaïde Labille-Guiard. Metmuseum.   Noite quentes, janelas fechadas, beijos estalando na madrugada. A rua com conversas murmuradas na esquina, os gemidos no andar de baixo, o calor escorrendo entre as omoplatas. E o tempo escorrendo entre estágios de dor, prazer e sentidos animalescos. No tablet, ligação de terceiros chamando para novos encontros e nada é capaz de parar  a língua que me prova e o meu corpo que me imprime no colchão. A vida vai passando, apertando, insuflando. E quando se percebe, os primeiros raios solares aparecem, o calor aumenta e o sono toma conta. E nada mais importa. 

A Blow-quarentena

A quarentena não é tão ruim assim e tem aspectos que podem muito bem ser interessantes. No andar de baixo, por exemplo, o casal de namorados que há tempos andava sumido reapareceu. Ela agora vive nos cômodos inferiores (também conhecidos como a casa do namorado). As luzes, que antes eram apagadas cedo e só acendidas no meio da madrugada quando ele chegava do trabalho, agora ficam acesas durante toda a madrugada. Ela está sempre presente e entre cochichos e risos, silêncios pontuais são notados. A bem da verdade, ela é feia. Ele se sobressai à ela quando a vantagem é o atrativo que comumente se diz que uma pessoa é "engraçada". No entanto, entre o som mediano da TV ligado em alguma série e o amanhecer do dia, ela prova o gosto do macho que escolheu para ser o parceiro. Prova o gosto; o gozo; os gemidos (dele).  A casa não vazia finge não ouvir e os vizinhos endeusados pelo modelo de casas verticais estão sempre marcando no Flo Health o quanto ela mama na mamadeira d...

A conservada dos conservadores

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Prestes a completar dezoito anos, a família planeja dar-lhe um notebook. Muito louvável o pensamento de que a " menina " de um aparelho para estudar - inclusive para o enem. A família faz-lhe os seus gostos - comida vegana, transporte urbano por Uber , tolerância a um namoro de benefícios questionáveis e manhas que não cabem em uma ordinária descrição são o piso sobre o qual edificam um comportamento autodestrutivo, em vários aspectos. Agora esqueceram que a mocinha perde-se entre a casa e a escola e é encontrada horas depois na casa do namorado (e só o pai nem sonha com isso), não tem disposição para estudar nem o abc do ensino médio e a própria casa não sabe o dia que foi varrida. Mas a bichinha merece um notebook para estudar, durante o dia, porque durante  a noite ela vai estudar virtualmente o que já está cansada de estudar no namoradinho mais velho. E o que isso tem de mais? Na verdade, nada, não fosse o fato de o referido núcleo familiar não se arvorasse...

O muro da Senhora do Carmo

Os fiéis da Capela Nossa Senhora do Carmo, logo após a "faixa", bem pertinho do Sergipetec, nem sonham que suas contribuições financeiras, suas quermesses, sua devoção servem a fins ainda mais nobres quando a Capela está fechada e o breu da noite encobre essa terra tão quente nos dias ordinários. De frente para a porta de entrada, em certas noites quentes, mãos ainda mais sedentas percorrem o quadril da jovem mulata, acariciando suas coxas, apertando cada reentrância. Essa mesma mão que procura a porta do céu, como bem ressalta Luiz Caldas, provoca fricotes pelo corpo todo de uma inocente impúbere que mal sabe o mal que o falo ligado à essa mão pode provocar. Ela senta nas pernas magras do malandro e acomoda-se para abrir a boca de forma suficiente para deixar sair os diminutos e excitantes gemidos. Passos ritmados fazem a dança frenética momentaneamente hibernar para logo depois voltar com ainda mais força e sublime desespero. Em outras noites, em pé, apoiados ...

O fio acadêmico

Existe louco para tudo, só não existe limite para a insanidade. Sabe-se que o sexo é sujo e precisa ser violento, mesmo que seja no mais leve grau, e sem o menor vestígio de pudores. Mas o que dizer quando um macho pede, insistentemente, a calcinha suada de uma fêmea após um treino intenso de musculação? Será fetiche? Será a romantização das secreções da desejada, tal qual em Elogio da Madrasta? Será o desejo de fazer feitiço para apaixonar a fêmea? Será a vontade não satisfeita de chupá-la até o orgasmo gritado? A questão é que o ambiente das academias de malhação (é preciso especificar já que puramente academia se refere a outra coisa) ainda povoa o imaginário de algumas pessoas quanto a sexo e dentro de muitos contextos ainda é o local ideal para fixar na mente imagens vívidas para serem usadas depois, quando ninguém está vendo, no quarto ou no banheiro. Nesse contexto do macho que quase roubou a calcinha fio dental suada, porque pedindo não obteve êxito, trata-...

Pétalas e velas

Quem nunca ouviu uma pessoa sem criatividade ou que ama o clichê querer fazer de um quarto um jardim infernal, espalhando pétalas de rosas no chão, na cama, nas roupas e iluminando tudo com velos "aromáticas" sufocantes? E quando isso é em casa há o amadorismo ridículo que transforma a cena ideal, vista em filme ou série, em um arremedo de lixo de floricultura. Todo ano tem sempre alguém que pense nisso.  Alguns homens até levam suas mulheres para motéis baratos em alguma promoção só porque terá as benditas pétalas de rosas e as tais velas.  A mistura absurda que fazem entre sexo e amor chega a ser enervante de tão ignorante. Desenvolvemos tecnologias e não compreendemos a diferença entre amor e sexo. Considerando que o que essas pessoas que amam destruir rosas e sufocar-se no "cheiro" dessas velas aromáticas querem é apenas sexo à cinema, o que elas têm, no máximo, é uma rapidinha que sempre acaba em algum desentendimento - ou porque o sexo nunca é sem b...

Presente intrínseco

Os pobres já começaram a lotar as lojas do centro comercial da cidade e os shoppings, preparados para o volume de vendas, ostentam as marcas do "amor" que  se compra e se expõe nas redes sociais. O amor , comprado em embalagens nada sustentáveis e pouco úteis, pode ser encontrado em prateleiras e vitrines exclusivas em pleno inverno brasileiro.  Os ricos debatem-se no dilema do quê comprar. Os pobres de quanto gastar . No entanto, o que todos querem mesmo é o sexo prometido implicitamente entre as folhas de papel das embalagens e as expressões de surpresa, competentemente ensaiadas. Juras de amor etiquetadas à parte e indo diretamente ao que importa, o sexo do dia dos namorados, deve-se notar que o mais importante, nessa questão, não é o presente e nem a intenção "amorosa", mas o quanto aquele(a) que presenteia é belo(a) e corporalmente desejável porque o presente mais lindo empalidece à imagem de um corpo pouco atraente. Ruim para as mulheres e homens fe...

Imprevisível doce

As mulheres, tão conhecidas por seu senso dinâmico e por reter as mais diversas informações, questionam-se sobre o que dar de presente aos seus amantes no vulgar dia dos namorados quando possuem, em si, tudo o que precisam para satisfazer o corpo e os desejos dos seus amantes.  Não é preciso bater perna de loja em loja e nem comprar camisas polo , gravata ou smartphone. Não é preciso inventar demais para uma data insignificante e nem endividar-se em doze prestações no cartão de crédito .  É só recorrer ao simples. Avaliar-se. E ser criativa.  Ninguém gosta de gente previsível e que não se dá por inteiro. A quebra das barreiras e das limitações é o que há de melhor como presente porque perdurará muito tempo depois que o nome sair dos órgãos de proteção ao crédito e o amante mudar.  O presente é para si com base no que o amante desfrutar. É misturar sexo e comida ; sexo e quebra de tabus ; sexo e Netflix , sexo e sono ; só sexo ou só comida ; só o sono...

Corpos incandescentes

Embora sejam espécimes raros, conheço uma ou duas moças que vivem verdadeiramente a lei da castidade imposta pela igreja e que, mesmo assim, mantém uma vida condizente com um estilo fitness, ou seja, busca manter o corpo em forma e curvilíneo. Observando isso e o fato de que não existem namorados e nem ficantes (investiguei os casos a fundo), fiquei pensando o que fazem para suprimir o desejo sexual que, sabemos, é desnorteador e opressivo quando não satisfeito. Disso surgiu a única solução possível - a masturbação. Ainda que seja um tabu para mulheres com uma mentalidade ultrapassada e condenada veementemente pelos homens  que comandam as igrejas, a masturbação é o ponto de fuga para esses belos e descomprometidos espécimes que não tem pressa para casar e não encontrou ainda o "eleito". Encerradas em seus quartos, sob a luz fraca do poste da rua ou do brilho do smartphone, suas mãos tocam a própria pele como faria o homem que inexiste em suas vidas. Seus dedos tocam s...

Olhares de peito aberto

Enquanto o país convulsiona e as provocações de um louco religioso e político reverberam nas cabeças mais insanas como verdades fundamentais, há que se olhar para os peitos. Sim, peitos.  Olhe direito para os peitos que balançam suavemente sob blusas coloridas e que saltitam ao mais abrupto movimento. Os peitos, não as bundas, são os passaportes para todo um mundo de sufocante e prazerosa agonia. São pedaços de carne que se desprendem do corpo e povoam a imaginação, deixando um rastro de ácido na boca e sempre, sempre, um desejo ardente. De tão carnais e sexuais, o suor que lhes escorre são de cheiro, sabor e viscosidade diferente. Os mamilos, do menores e mais claros aos maiores e mais escuros, são toques de lascívia que deixam sobre a pele as marcas de experiências vividas e de chupadas recebidas - no calor do meio-dia enquanto se espera o ônibus escolar, o filme acabar no cinema ou o culto começar.  São merecedores dos olhares, da admiração de homens e mulheres ...

Satisfação feminina

Quando se é muito doutrinado pelos megalomaníacos religiosos você poderá começar a acreditar que a mulher não é nada além de um belo rosto que deve ser adorado e "respeitado" excessivamente, destituindo-a de todo o seu potencial sexual. Não pela religião, que entre linhas e frases soltas dos escribas antigos e modernos dão a entender que a sexualidade deve ser amplamente explorada - dentro do casamento, como pregam, e sim por aqueles que já são inseguros a tal ponto que levam os outros a crer em uma assexualidade feminina religiosa apenas para não justificarem aos seus pares e ao cônjuge sua incapacidade e sua falta de criatividade sexual. Sob as capas de loucuras antissexuais provenientes da religião há mulheres cujos corpos ardem pelo sexo e pelo animalesco que dele surge. Mulheres que não querem ser divinas, mas fêmeas que extravasam desejo e despudoramento com o macho que ela escolheu para lhe dar vida na cama, no chão, encostada à parede; em casa, no quintal, n...

Feminismo putiano

O feminismo não é o que grupos reacionários e paranoicos de mulheres de beleza duvidosa prega. Não é buscar um empoderamento a qualquer custo, cujo saldo deixa como resíduos pernas cabeludas, barrigas e pernas flácidas e um desejo sexual reprimido. Se o feminismo fosse o que esses grupos pregam então teríamos mulheres bipolares e com uma latente hipocrisia em que dois mundos mutuamente excludentes - o da submissão sexual e o do empoderamento moral - ocupariam a mesma cama sempre que encontrassem um macho não-feminista para gozá-las em tórridas noites de sexo e depravação.  Nesse contexto, o feminismo assumiria outro caráter ou simplesmente deixaria de existir para dar lugar a mulheres submissas,  sexualmente dominadas e moralmente "rebaixadas" à categoria deliciosa e ordinária de putinhas de seus machos. Graças aos deuses regentes da luxúria e da depravação que esses grupos de mulheres não sabem o que é o feminismo e usam tais aglomerados apenas para esconder a in...

A questão fundamental

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Arte: The Seated Clowness. Henri de Toulouse-Lautrec. Met.  Não vivemos de política, nem de amor-romântico, nem de problematização de questões sociais e filosóficas. Não vivemos de brisa, nem de trabalho, nem de dramas supérfluos.  Vivemos de comida, sexo, cismas, estresses, metas e responsabilidades - que nos moem de dentro para fora e move-nos em direção ao progresso, senão da humanidade, ao menos pessoal.  Vivemos esperando a transa matutina com os corpos desejáveis de desconhecidos amigáveis; esperando a venenosa comida plástica vendida em programas de TV e redes de fast food; esperamos pelo carro do ano; esperamos pelo momento certo; esperamos pelo instante em que ou agimos ou nos escravizamos à covardia. Compreender que não podemos deixar para amanhã o que deve ser feito hoje é fácil.  Difícil é enfrentar as adversidades e os monstros psicológicos e seguir em frente, deixando-se degradar pela opinião alheia e pela força maligna do atraso e seguir ...

Bicha feia, pobre, burra e do interior

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Arte: Reclining Male Nude. 1907. Henri Matisse. MET. Quando se é bicha de interior há um mundo estabilizado em que existem aqueles que não toleram e nem suporta os atos homossexuais e escandalosos, que a maioria dos gays do interior costumam cometer, e aqueles que fingem que não estão vendo a não-tão-bela-flor desabrochando entre pelos e pernas masculinas. Fugindo do preconceito controlado, esses gays buscam refúgio na capital, especificamente na universidade, pública ou particular, onde podem fingir que estudam cursos como teatro, música, pedagogia... Com ilusões debaixo do braço, um rosto bexiguento provocado pela acne e uma sede por sexo e álcool, esses pobres, magros e indecentes seres creem terem o mundo a seus pés e todos os outros indivíduos como seus serviçais quando na realidade bicha pobre, feia e burra do interior não consegue nada além de sexo pago ou do estigma proveniente do coitadismo de gênero. A universidade está lotada de gays desse tipo, que são repudiado...

Home Holy II

Home holy I

As várias faces

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Ilustração: Gabriela Santos. Faces de Um Marajá, 2019. Libertos dos rótulos opressivos de uma sociedade que cambaleia entre a decadência e a aspiração de um mundo melhor, uma utopia, conseguiremos pincelar nossos pensamentos sobre os outros e sobre nós mesmos.   Um dia, sem as correntes de um pseudo politicamente correto,  conseguiremos falar boceta, cu e  rola sem a capa da vergonha que cobre os santos viventes e frequentadores de bares e igrejas e iremos admitir que gostamos de sexo, pensamos em sexo e vivemos graças ao ato animalesco do sexo. Essa ilustração,  de Gabriela Santos, nada mais é que um retrato (meu) na paz de um sono tranquilo de quem trepa como um bicho e vive, muitas vezes,  pior que os bichos. A ilustradora deixou clara sua intenção.  Que os "puritanos" purifiquem-se.

Hits

Na casa de frente o som saía por entre as frestas inundando a rua com um funk delicioso em que a boceta de uma mulher ideal sobe e desce em um mastro negro periférico.   Na casa ao lado um sertanejo avisa que está abraçando uma garrafa e que não quer parar de fazer isso.  Na casa entre essas duas uma macia e deliciosa boca sobe e desce entre as pernas de um pardo, fazendo com que gemidos guturais sejam expelidos por um safado a mais no mundo. Sentindo o gosto do sexo, sugando o sexo, sendo o próprio sexo, ela deixa o calor opressivo de lado e banha-se em porra e suor. As casas vizinhas atiçam os transeuntes com mensagens diretas ou subliminares de sexo e poder enquanto que ela vive o sexo e o poder ao som das fantasias daqueles que esperam um dia saber o real significado de hits tão deliciosos.

Um retrato tradicional

Conheço um homem, chefe de família, que defende a tradição familiar. Uma lindeza de pilar da família tradicional. Ele deixa a esposa em casa, garantindo o futuro da família por meio de decisões racionais e sai à caça de fêmeas que pedem primeiro dinheiro, depois outros tipos de vantagens e, por último, oferecem o sexo que ele tanto faz por onde se humilhar. Mas ele, traindo a esposa, ganancioso por vantagens inúmeras, acredita que se a filha não sair com o namoradinho ela não irá transar e ser tão devassa quanto as novinhas que ele procura. Em sua doce ilusão, a filha é inocente e inerte frente as delícias sexuais que o namorado representa. Não sabe ele que a filha alicia o namoradinho quando todos saem da sala e se recostam em seus quartos para assistir TV. Ele nem desconfia que a filha alisa o volume da calça do namoradinho ate ele endurecer porque, ela descobriu, da para mamar o namorado mesmo com todos em casa. E no confortável sofá da sala, onde ela acaricia e mama a ro...

O tom da semana

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A luz entrou no quarto rasgando seu humor, como uma faca em uma bolsa plástica pressionada por pacotes de grãos e cereais. O leiteiro, primo-irmão da luz da manhã, já passava gritando, avisando aos clientes urbanos que a hora do leitinho chegou. Uma brisa fria entrou pela janela, levando os gritos do leiteiro, findando uma noite tranquila. Repentinamente, uma porta bateu e um arrastar de móveis revelou passos firmes e rápidos. Um baque surdo. Uma bolsa plástica sendo amassada. Silêncio. A porta do quarto abriu com uma força brava e uma mão descobriu o corpo sonolento. Ela tinha raiva do dia que começava, uma ansiedade incontida que trespassava-lhe a própria existência. Acordou, o amante. Olhou-a com incompreensão e desnorteamento. E um sorriso quase imperceptível pintou nos lábios quentes de uma noite bem dormida. Em pé, ela o olhava com amor e compreensão. Ele a olhava com solução, malícia, planos. Sentou-se na cama, agarrou-lhe o quadril e fê-la sentar-se no c...