Clientes e emoções em diminuta remuneração
Nada como o ser humano para estragar o dia de qualquer outro ser humano.
Penso que aquele livro errou ao afirmar que, em certas situações, o homem é o sal da terra. Ou acertou para mais, salgando demais essa terra que já se encontra amarga.
A mulher do vizinho relatou que é difícil trabalhar no varejo porque as colegas ficam conversando entre si e com outras pessoas pelas redes sociais e deixam os clientes abandonados e quando ela toma a iniciativa de atendê-los (cometendo o grave erro de desrespeitar a ordem de atendimento das vendedoras) é repreendida pela chefia imediatamente superior. Uma heresia tão grande não pode passar impune. JAMAIS!
Gostaria de poder ter-lhe dito que nem todos os trabalhos são assim e que certamente ela vai encontrar um lugar onde poderá ser valorizada em toda a sua proatividade. E que as intrigas dos pequenos poderes não se perpetuam.
Gostaria muito, mas não pude porque não seria verdade e nem mesmo eu acreditaria nisso.
A mediocridade é o fermento dos pequenos poderes do varejo e ter um péssimo atendimento é pré-requisito para ocupar as funções de atendimento ao público. Os poucos que escapam dessa regra são exceções hereges que, mais dia ou menos dia, serão queimadas na porta do estabelecimento.
Como qualquer um que teve a infelicidade de trabalhar com atendimento, é fácil imaginar cenas assim em cada porta comercial: colegas de trabalho irascíveis, chefes ignorantes, clientes não menos incompreensíveis, horas de trabalho desagradáveis, calor, força física em extremo excesso, emoções reprimidas ao extremo e muito pouca retribuição pecuniária.
Por hoje, a mulher do vizinho conseguiu sobreviver.
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!