Natal Branco

O Caminhos da Universidade sacolejava, na barulheira do motor antigo de sempre, ao entrar na cidade. Parou no posto três irmãos e seguiu a rotina para deixar os universitários mais perto de casa quando, de súbito, a SMTT indica um desvio na rota. A Vieira de Brito, interditada, deixava claro que um acidente ou um evento estava acontecendo ali.

O ônibus entra na 20 de agosto, sobe na 15 de novembro e em pouco tempo a rota era retomada. E tudo poderia ter terminado nesse ponto, onde todos seguiriam a rotina de sempre, na sexta-feira negra do varejo.

No entanto, os poucos metros interditados na Vieira de Brito guardavam o que desconto nenhum poderia comprar - um sonho, muita boa vontade e um exemplo de união.

Dezenove comerciantes unidos realizavam o Natal Branco, sob a batuta da Marta do Bolo, que idealizou o evento e realizou, em 2017, a primeira edição do que se tornaria o I Natal dos Comerciantes neste ano. 

Lojas abertas e decoradas, um palco e brinquedos para as crianças, com direito a pipoca e algodão doce, compuseram o ambiente em que uma trupe infantil alegrou os pequenos, um coral integrador mostrou a igualdade e a capacidade de bons jovens e uma dupla, somente com voz e violão, levou o louvor aos presentes e transeuntes.

Aberto a todos, um Papai Noel passeava entre os presentes, tirando fotos e reavivando as lembranças de crianças e adultos, enquanto um conjunto de degustações , com direito até a sobremesa, fez do espetáculo um evento ímpar pela recepção calorosa e sincera e pelo espírito natalino de confraternização e felicidade dos organizadores e dos presentes.

A noite negra para o varejo, a famosa Black Friday, curvou-se ante um espírito natalino nunca antes visto em Palmeira dos Índios. Sem política, sem bajulações, sem mensagens indiretas, apenas uma celebração que alegrou e marcou os que prestigiaram o Natal Branco dos comerciantes daquele trecho da Vieira de Brito, cujo astro principal, Jesus Cristo, foi homenageado e lembrado como aquele sob cuja misericórdia todos vivem.