O populacho e sua indignação

A indignação do populacho é, quase sempre, levado aos mais altos graus de histeria por meios midiáticos marrons. No entanto, às vezes, o populacho está com a razão.
Um exemplo disso foi o que ocorreu na tarde de ontem, 10 de novembro, no conjunto Edval Vieira Gaia, periferia de Palmeira dos Índios, quando um idoso de 68 anos atropelou, duas vezes, uma criança de pouco mais de um ano. O idoso encontrava-se altamente alcoolizado, conforme constatou a Polícia Militar através do teste do bafômetro, 75% de álcool acusado; agravando-se a isso o agressor dirigia um carro não adaptado à deficiência do idoso. 
Passado o choque do impacto do acidente, o idoso teve que encarar a fúria do pai da criança e dos populares que presenciaram a cena e que tiveram que fazer com que o idoso não se evadisse do local, por meio da força.
Para o populacho presente, a razão prevaleceu - sem linchamento, sem agressões físicas que poderiam por em risco a vida do idoso e uma calma controlada que surpreendeu até mesmo os policiais militares que atenderam a ocorrência.
Para os amigos do idoso agressor, o absurdo de ele ter sido impedido de se evadir do local e de ter ouvido um imprópério ou outro, que ninguém pode dizer que não foi merecido, ultrapassa qualquer limite justo da civilidade e do "respeito" que ele merecia (o "respeito" que o bêbado velho merece por ter feito, em toda a vida, a bondade de assassinar uma criança).
A indignação do populacho faz justiça com as próprias mãos, aumenta a história, perverte os papéis de agressor e agredido e impõe a lei das ruas. No acontecimento de ontem não foi diferente. Só que na sede por justiça, pela execração imediata, esqueceram que a criança não tinha morrido nem sido gravemente ferida; que o idoso merecia mesmo o linchamento, ainda mais por não demonstrar piedade e socorro com o infante e à família; que a família da criança tem o direito de estar ferida, indignada e ofendida e ninguém pode alienar esse direito; que a família do idoso não tem o direito de agredir, ameaçar e se revoltar contra a família do menor, que ainda revive a dor da quase perda.
O populacho, do jeitinho que se comporta, deve mesmo ser governado e nunca autogovernado. E os bêbados, velhos ou não, não merecem a dignidade da igualdade com que se deve tratar os agredidos.

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