Cinquenta Tons de Cinza

Um príncipe encantado à moda século XXI, uma virgem à século XVII e um enredo forçosamente construído para ter o maior número de páginas escritas. É essa a descrição mais concisa e precisa que se pode ter do não tão aclamado Cinquenta Tons de Cinza.
A obra de E. L. James tem um quê de apelação que não consegue sucesso nem nos trechos de sexo nem nos de violência. Talvez por querer misturar sadomasoquismo com romance, talvez por que o romance não seja lá grande coisa mesmo e, por isso, a mistura com práticas sexuais não ortodoxas não pegue tão bem quanto deveria, Cinquenta Tons de Cinza é um fracasso a olhos vistos.
Personagens reprimidos em seus próprios mundos, sem falas seguras, sem atitudes independentes, dão o tom de uma artificialidade feita para vender papel, não para encantar com a ficção. Ambientes pobremente descritos, relações “difíceis” e uma riqueza sem precedente que contrasta com a meia vida de Steele são pontos que não passam despercebidos a um leitor mais atento.
O sexo do Cinquenta Tons é ruim e deixa a desejar. Se compararmos a obra com as do gênio Marquês de Sade ou com as histórias fracas, mas genialmente ilustradas, do ícone da ilustração adulta, Milo Manara, pode-se perceber que E. L. James arriscou muito em sua pretensão de escrever um livro no tom do sexo enredado com romance.
Como romance é horrível. Como inspiração sexual é deprimente.

Um “sucesso” que só se justifica pelas milhares de Anastasias em corpos de cinquentonas ou em cabeças de crianças de 12 anos.

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