Rotina e tormenta
The Hand of Man. Alfred Stieglitz. |
A rotina acaba, invariavelmente, destruindo a graça e a beleza que existe naquilo que lutamos para conseguir - seja um Porsche ou um romance. E o que acabamos fazendo sem perceber é justamente ser mais um numa multidão que só baixa a cabeça e segue a onda, sem ao menos perguntar para que lado fica a praia.
Nem tão de repente assim, então, aparece, vez ou outra, alguém que nos arranca do ostracismo e leva-nos a querer estar em tal lugar, fazendo tal coisa, de tal maneira e olhando tal rosto. Nos muitos "tals" não nos damos conta que mudamos milímetros suficientes para transbordar rios e mares e passamos a ser aquilo que não conseguíamos 10 minutos atrás: vivos, efetivamente.
E a pergunta que resta é - sabemos o que fazer quando as luzes apagam e a mente continua trovejando, ventando e relampeando sal e espinhos sobre a brandura do novo?
A vida é engraçada, já escrevera Guimarães Rosa. E será que tanta graça, misturada à rotina, não deteriora-nos a ponto de sermos apenas fantoches?
É certo, porém, que quando esse monte de tal aparecer estaremos ansiosamente esperando por cada um deles e o único refúgio aceitá-los até mesmo depois que a calmaria pré-tempestade se vá.
A rotina, contra tal tormenta, nada poderá fazer senão mudar de forma e deixar-nos felizes.
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!