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Mostrando postagens com o rótulo Milo Manara

Cinquenta Tons de Cinza

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Um príncipe encantado à moda século XXI, uma virgem à século XVII e um enredo forçosamente construído para ter o maior número de páginas escritas. É essa a descrição mais concisa e precisa que se pode ter do não tão aclamado Cinquenta Tons de Cinza. A obra de E. L. James tem um quê de apelação que não consegue sucesso nem nos trechos de sexo nem nos de violência. Talvez por querer misturar sadomasoquismo com romance, talvez por que o romance não seja lá grande coisa mesmo e, por isso, a mistura com práticas sexuais não ortodoxas não pegue tão bem quanto deveria, Cinquenta Tons de Cinza é um fracasso a olhos vistos. Personagens reprimidos em seus próprios mundos, sem falas seguras, sem atitudes independentes, dão o tom de uma artificialidade feita para vender papel, não para encantar com a ficção. Ambientes pobremente descritos, relações “difíceis” e uma riqueza sem precedente que contrasta com a meia vida de Steele são pontos que não passam despercebidos a um leitor mais atento....

Encontro Fatal

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A literatura é realmente fantástica! Passamos horas delirando em linhas de uma realidade fantástica, ou de uma magia inebriante, versando sobre terrorismo, sexo, violência, romances românticos e conspirações. O homem, entre linhas, entre livros e mundos, acaba sendo o produto do que conhece e torna verdade. Nesse meio encontramos as historias em quadrinhos (HQ’s) que imortalizam expressões, lugares e emoções através dos traços do desenhista. A literatura HQ é ainda mais interessante quando percebemos as dezenas de linhas em um único quadrinho. E como ícone de referência em História em Quadrinho temos o mestre italiano Milo Manara. Manara marcou o século XX com suas linhas e tornou-se a excelência em produção de história erótica. Em Encontro Fatal , Manara expõe ao leitor suas linhas com a característica de seu trabalho: uma história fraca. Apesar de lindas mulheres, de traços singulares que o torna reconhecível em qualquer língua, Manara não desenvolveu uma trama minimamen...

Um dia algum

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The Star. Milo Manara Quem não conhece alguém que foi viver novas experiências e que, por algum motivo, esqueceu de mandar mensagem avisando que não voltaria mais? Estava ouvindo Capital Inicial quando me dei conta que muitas pessoas entram em nosso circulo para, depois, ir-se, tal qual como chegou. O problema é que há pessoas que vão como se ficássemos esperando-as voltar, pacientemente sentados sobre o amor próprio. Talvez devêssemos parar de procurar o melhor em criaturas que não possuem um melhor, apenas um bom que é incapaz de suprir as necessidades mais básicas de uma convivência social. O mundo é grande, ou pequeno - depende do quanto viaja-, e não se pode esperar que todas as pessoas sejam diferentes, com pensamentos e atitudes globalizadas, pois há pessoas que simplesmente são incapazes de demonstrar suas incapacidades emocionais. Se alguém foi embora, sem avisos, sem motivos ou sem um "até logo" hipócrita o que resta é viver paralelamente a esse ...

De novo, sorrindo ao novo

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Fellini's Women. Ilustração de Milo Manara O nascer de uma relação implica, em uma quantidade de vezes razoável, na partição de um nós por dois individualismos, que se reorganizam, se remodela, se refazem para atender às necessidades que já não são mais satisfeitas no modelo de relacionamento outrora adotado. São eus que se fazem tediosos, rabugentos, ciumentos, implacavelmente intratáveis no compartilhamento voluntário de uma parte da vida que comumente se confunde com uma eternidade dita e premeditada, do amanhecer ao anoitecer. Essa separação, nem sempre dolorosa nem sempre fácil, é o motivo de depressões, poemas, músicas e deboches públicos. Significa, ao mesmo tempo, sair de uma zona confortavelmente conhecida para o embriagante e lamacento terreno do novo e desconhecido. Uma separação que parte um nós por dois eus e que conserva, no íntimo, as experiências, os medos, os erros e os acertos de um tempo partilhado com alguém. E da mesma forma que se junta e separa-...

Amamos em opressão

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Ilustração de Milo Manara Amamos demais, no começo, para ir amando de menos até que o menos é tão grande que o que resta é tão-somente a necessidade de a a ir amando de menos at fastar-se de quem outrora era amor, paz e ar. Amamos demais ou fingimos uma ilusão para não recorrer à realidade? Amamos demasiadamente para provar que a solidão não existe ou somos tão solitários que fabricamos uma ilusão de ótica? Histórias de amor não tem começo, apenas fim. E é assim que tudo acontece: não gravando o início, deturpando o meio e indo direto para o término, onde o que sobra são restos de uma conta que ninguém sabe como começou – apenas que existe. Chatas, tediosas, irritantes – as histórias de amores passados, desde os tempos mais remotos, são, na balança dos dias, as lembranças que mais atormentam quem não tem o que fazer e são as responsáveis pelas mais diferentes maneiras de dizer “o passado é uma grande M”. Amamos os outros, em histórias, para exteriorizar que não nos am...

A triste mania de diminuir o sexo feminino

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Obra de Milo Manara O mal do mundo pode ser a violência, ou as moléstias. No entanto, o mal do mal do mundo é o achismo preconceituoso das pessoas, principalmente no que se refere à sexualidade alheia. Não raro, houve-se pessoas apontando o dedo indicador na direção de uma mulher, uma vez que são as principais vítimas e algozes – simultaneamente -, de modo que o objeto das interjeições e fofocas seja justamente o fato de aquela mulher tratar-se dignimamente, seja no âmbito de sua sexualidade ou de seu profissionalismo. Poucos gostam de pessoas que se tratam bem, que sabem seu valor e seu lugar no mundo. Para muitos, a mulher precisa ser ignorante, apesar dos avanços conquistados, e deve demonstrar sua submissão, inclusive sexualmente. Pura mediocridade de pensamento. As formas de tentativa de minimizar a mulher pelo simples fato desta ser ou não virgem antes do casamento demonstra apenas o nível de pensamento arcaico e extremamente medroso da sociedade, de modo que quan...