Buscando a alma #3



Sua mão deslizou sobre mim com a naturalidade temerosa de um animal arisco. Não podia, por minha parte, não reagir ao toque comum que em mim santificava o dia.
Descendo e revolvendo-me, seus dedos tripudiavam sobre minhas emoções. E sem citações, canções alegres meus pelos entoavam.
Ah!
A droga de se ter um coro em minha pele e uma voz cantante em minha face, ainda que orquestrada por um mão brincalhona, é não poder dizer, ao vão persistente entre nós, o quanto ecoa meus pensamentos.
O momento, tão repentino quanto chegou, se foi. E agora, onde está?
Deixei-me levar pela leviandade de amar em segundos. 
Deixei-me estar no paraíso mundano do futuro.
E caí - ante a tensão do presente - no mais terroso estado, afundando na depressão da minha solidão acompanhada.
E agora?



(De quando a vida brinca de ser criança e o destino a repreende sem pudor, em público)

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