Cidade do Amor

A cidade do Amor representa muito bem seus cidadãos quando faz amor nas ruas, um amor sem sexo, atraente, mutante, fascinante, brilhante. Um amor que rompe com as dualidades dos momentos pequenos e estabelece outras tantas maneiras de expressar-se. Nessa cidade onde nem tudo é vida, tampouco a morte faz-se presente na constância dos anos, o amor passa sorrateiramente entre as pessoas e aloja-se em um coração e outro, numa boca e outra, num olho e numa flor.
Cidade de outros demasiados desamores, o amor rege a orquestra dos tempos idos esquecendo-se das lembranças. Nessa cidade cada qual não tem seu palmo de chão no cemitério municipal, está cheio de amores mortos – amantes que dormiram sem saciar todo o ardor de uma desmedida paixão.
A cada dia quente de muito suor é uma nova oportunidade de largar-se ao mundano amor dos corpos. Nas noites ventiladas, o amor faz-se santo nas camas de grama e colchão. Na cidade do amor, os amores são vapores inebriantes.

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