Arte de morrer
Não é uma questão de “se”, mas de quando vamos morrer – ter o rosto
espremido pela terra ou carbonizado por uma boa ação para com o corpo de quem
foi para o muito além da mesquinhez humana.
Há de se considerar que morrer é somente ruim pelo fato irremediável
de que quem morre não pode voltar para fazer lamentações ou exultar de alegria.
Não rever os parentes – nem sempre tão amados -, os bichinhos de estimação ou
um amor romântico – que em geral só ocorre nas produções cinematográficas é o
que há de aterrador e inconsolável.
Morrer devia ser um ato quebrável, unilateralmente, por qualquer das
partes e sempre no interesse mesquinho, ou seja, a bel prazer do desejoso.
Talvez as maneiras mais inusitadas e banais de morrer sejam
desagradáveis, inglórias, sem graça. O ato de perder o sopro da vida devia ser
tão monumental quanto os noves meses de gestação em que tudo é comemorado.
Morramos. Com glória. Com altivez. Com dignidade.
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