Postagens

Mostrando postagens com o rótulo pobres

Pobrices de quarentena

A quarentena entre os pobres do Rosa Elze parece as festas de fim de ano, só que em Março e sem muita água celeste para encerrar o verão. Os meninos pobres ainda soltam pipas na rua e as meninas saem à noite para brincar - uns seguram objetos cilíndricos que os ligam a pipas, mesmo à noite, outras correm para colocar objetos igualmente cilíndricos na boca. Os pais? bêbados que dormitam o dia todo e quando a noite finalmente cai correm para dentro de casa para ou produzir outro pequeno demônio ou assistir às reprises de novelas. A rua fica aí, cheia de gente esperando que a pandemia seja trazida na carona dos traficantes. Uma varredura de doença que pretende acabar com os pobres, velhos e novos diabos, parece nunca chegar nas ruas mais periféricas dessa que, dizem, é a cidade mãe de Sergipe. Poeira, drogas, baixezas de todos os tipos  - nada de novo durante essa quarentena que parece estar longe do fim. ___________ Acesse e leia: Anjo da Guarda  (Amazon) ...

Natal sui generis

Imagem
Foto: da internet. As festividades natalinas nas camadas mais pobres da já empobrecida sociedade brasileira é um evento sui generis. Neste ano a novidade será uma interessante mistura entre o brega funk, a pérola do bom gosto popular, com os habituais modismos decadentes que enfeitam mesas afarofadas, paredes banhadas a cal e corpos carcomidos.  Já surgiram os sentimentos de amor e fraternidade que tanto encobrem as mais pérfidas ações e um aura de falsa modéstia tende a polarizar as dualidades políticas da moda. Velhas sem filhos rememoram suas solidões e os fracassos em comprar amores filiais de desconhecidos e indiferentes. Mulheres a um passo da loucura com filhos igualmente loucos buscam entre a água benta e as alternatividades à solução que as tornará desculpáveis à luz de suas mais absurdas crueldades. Sob toda essa camada de gente louca que não suporta a menor contrariedade e da parcela brega de uma pobreza que salta aos olhos, estão as idiossincrasias que imped...

Presente intrínseco

Os pobres já começaram a lotar as lojas do centro comercial da cidade e os shoppings, preparados para o volume de vendas, ostentam as marcas do "amor" que  se compra e se expõe nas redes sociais. O amor , comprado em embalagens nada sustentáveis e pouco úteis, pode ser encontrado em prateleiras e vitrines exclusivas em pleno inverno brasileiro.  Os ricos debatem-se no dilema do quê comprar. Os pobres de quanto gastar . No entanto, o que todos querem mesmo é o sexo prometido implicitamente entre as folhas de papel das embalagens e as expressões de surpresa, competentemente ensaiadas. Juras de amor etiquetadas à parte e indo diretamente ao que importa, o sexo do dia dos namorados, deve-se notar que o mais importante, nessa questão, não é o presente e nem a intenção "amorosa", mas o quanto aquele(a) que presenteia é belo(a) e corporalmente desejável porque o presente mais lindo empalidece à imagem de um corpo pouco atraente. Ruim para as mulheres e homens fe...

A desassistência social das instituições de ensino federais

Imagem
As universidades, agora atacadas pelo governo federal, possuem um excelente mecanismo de retenção de estudantes pobres em seus cursos de graduação: as bolsas e auxílios destinados a manutenir os estudantes em vulnerabilidade socioeconômica em seus respectivos cursos e, assim, promover o desenvolvimento sustentável da população. Um mecanismo ótimo e seria eficiente não fosse os assistentes sociais. Apesar de trabalharem diretamente com um público necessitado, os assistentes sociais não realizam adequadamente suas funções e, junto com os Técnicos de Assuntos Educacionais, andam promovendo a evasão escolar de discentes por meio da não aplicação correta de processos seletivos de bolsas e auxílios.  O caráter discriminatório da forma como esses "profissionais" atuam não é só preconceituoso e favorecedor de um elitizamento do público-alvo dos programas de assistência estudantil como também passaram a ser descreditados pela própria comunidade acadêmica. Os absurdos cometid...

O país de Bolsonaro

Imagem
O presidente da República está tentando imitar o polêmico Donald Trump. A diferença, óbvia, vai além do convencional porque tudo aquilo que se copia nem sempre sai melhor que o original.  No Brasil de Jair Bolsonaro não existe racismo, nem pobres e nem pode haver gays. Nesse país fictício todos os cidadãos têm uma conta do twitter e os "avanços" da gestão Bolsonaro deve-se mais ao golpista Michel Temer que ao Pastor Bolsonaro. E, obviamente, tudo de ruim, ou seja, tudo o que se coloca como empecilho para se alcançar os objetivos pérfidos de um governo desprezível, é culpa dos "comunistas", dos "esquerdopatas", dos "lulistas".  No país de Jair Bolsonaro não pode haver instituições de ensino dedicadas ao aperfeiçoamento da população - principalmente pobre. Não pode haver transferência de renda. Não pode haver pensamento crítico contrário ao governo e não pode haver ideologia política diferente da que é pregada pelo partido ...

A pobreza

Quando olhamos para as pessoas nas ruas, nas filas de órgãos públicos e nas portas das casas no final de cada dia, pensamos que são apenas pobres. A pobreza é a definição máxima e o rótulo mais conveniente. Olhando com cuidado, vemos pessoas que são classificadas como pobres pelas estatísticas e transformadas nestas de acordo com a conveniência do governo e da comunidade internacional ou acadêmica. De perto, há pessoas que são pobres porque não tem tal renda, ou porque moram em tal bairro, ou não conseguiram tal formação acadêmica ou tal tipo de emprego. No entanto, a pobreza é mais que definições e rótulos.  É um estado de ser e de espírito que dinheiro nenhum é capaz de sanar. É uma doença mental que se insinua na inveja pelo alheio; no desejo kitsch por afanar a vida alheia e decorá-la com estampas cafonas. A pobreza é acos...

As leis do interior

Em cidades interioranas a classe média são os pobres concursados ou que possuem lojas no centro comercial da cidade e que se segregaram dos iguais apenas pelo esnobismo.  Essa classe média possui todas as características e hábitos dos pobres sem que se assuma a pobreza mascarada de riqueza porque no interior leis sociais próprias regem o preconceito sobre o pobre e o "rico" e o equilíbrio dos eventos sociais. É por isso que acreditam que ir à capital é o ápice midiático. E casar uma filha com alguém da capital? O sétimo céu para os silvícolas. No governo petista esses pobres ascendentes adquiriram o status de classe média e o costume com as novas "facilidades" fez com que Jair Bolsonaro, que ameaça esse status, fosse esmagadoramente eleito. A "classe média" que jamais compra nada à vista e não valoriza a cultura é o exemplo que ilustra o ostracismo e o atraso do interior de estados como Alagoas - uma decadência que anuncia o retrocesso.

Novíssimo rico

Imagem
Quando você passa uma parte considerável da vida abaixo da linha da pobreza e, de repente, vira um novo rico a primeira coisa que se faz é experimentar a vida dos velhos ricos.  Você veste o que eles vestem e não gosta, pelo desconforto, pela breguice ou simplesmente porque, uma vez que se é rico, dá para ditar a própria moda. Você frequenta os lugares que eles frequentam e vê que é um desperdício de tempo e dinheiro visitar lugares inférteis - em sua maioria. E, por último e não menos importante, você come o que eles comem e percebe que a comida dos velhos ricos é uma porcaria cara que só serve para tirar fotos para as redes sociais - é plástica, supérflua e pouco saudável. Como novo rico, passado o impacto do montante na conta e superado o trauma de pobre - que só pensa em dívidas e em fugir dos credores - chega-se à fase de criar o próprio conceito de "rico" (que é, também, ter dinheiro, estilo e convicção sobre os próprios gostos). Ser um novo rico é óti...

A fantasia mexicana

O populacho desocupado e noveleiro adora as novelas mexicanas exibidas no SBT. Existe um certo misticismo nas comparações que se faz entre a realidade paupérrima brasileira e a ficção mexicana - ora ridícula, ora um tédio dramático. E é no drama que se alicerça o sucesso dessas novelas. O populacho gosta de torcer contra os filhos "ingratos" de mães sofredoras e choronas; de apoiar os pobres tão honrados que se humilham e deixam-se humilhar por cruéis ricos ateus; incentivar virtudes que só existem na cabeça dos pobres ficcionais ou de um amor "puro e simples" que os pobres, mexicanos e brasileiros, idolatram.  Com uma fórmula dramática, com muito choro e humilhação, sempre retratando amores impossíveis e desnecessariamente dolorosos, as novelas eternamente exibidas pelo SBT acalentam o imaginário popular, dando aquele gostinho de "justiça" que filhos e parentes reais "mereceriam" na prática. Essa fórmula mágica vende até aquecedor para nor...

Relato de um assistido

Imagem
Fonte Imagem das redes sociais. Sempre estudei em escola pública (estadual e federal) e na maior parte do tempo em que estive no ambiente escolar não vi, nem mesmo a mera referência, o(a) assistente social. No ensino fundamental, porque esse profissional simplesmente não existia - e, se verificar atentamente, ainda não existe na escola em que estudei. No ensino médio, na pública federal, esse personagem só apareceu na metade do curso - antes do aparecimento da Assistente Social uma trinca de servidores aleatórios fazia as vezes de "distribuidor de bolsas e auxílios". É a realidade e o pensamento de gestores da educação e de pais: Assistente Social só serve para distribuir bolsas e auxílios. Esse pensamento, fortemente em voga, é comum a escolas e universidades e o papel do Assistente Social, na cultura popular, é de um mero manipulador e distribuidor de bolsas e auxílios. Esse pensamento faz-me refletir sobre o que fazia esse profissional quando as bolsas e auxíli...