Da base alagoana
São muitas as razões que justificam a contínua situação de pobreza e ignorância do populacho. A maioria delas está relacionada com os preconceitos que mantém viva as bases da ignorância e, por consequência, da violência.
Para observar a manifestação intolerante do populacho sobre essas bases é preciso apenas pegar uma van de transporte alternativo da rota Palmeira - Arapiraca. Com sorte será possível encontrar um deficiente no mesmo veículo e então todos os elementos - populacho, deficiente, pressa e ignorância - estarão no ponto certo da ação.
Outro dia era um deficiente visual que ia de Arapiraca a Palmeira. O choque das pessoas não era o indivíduo ser cego, precisar de ajuda para descer do veículo e atravessar a rodovia. O choque, o horror, o inconcebível era que ele não precisava de ninguém para chegar em casa. Não cair, não precisar de ajudar para pôr pé ante pé, vencendo os obstáculos, a lama e as pequenas depressões da rua de barro.
Como isso é possível? - perguntavam-se entre si. -Como ele não cai?
Apesar da incredulidade, do absurdo inconcebível expresso em palavras, lá ia o cego, devagar e sempre, alheio ao preconceito e longe do burburinho.
Somente pessoas atrasadas como as que habitam nas terras alagoanas podem suscitar pensamentos tão limitados. Pessoas como essas não passam de sombras que evaporam à mais leve brisa de compreensão e do conhecimento.
Pessoas como essas morrerão sem deixar marcas importante por não buscarem o básico da existência humana - o progresso pessoal.
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