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Mostrando postagens de julho, 2013

O Sempre da matemática e do amor

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Nunca se teve tanto medo, ou receio, de usar uma palavra na exata matemática ou naquilo que chamam de amor como quando alguém diz Sempre. Na matemática, as coisas não são Sempre. Não é Sempre que a integral disso é aquilo, que um método pode ser utilizado, que a convergência de uma função é teimosa demais para ser generalizada. No amor, o atrevimento de exclamar o Sempre em tudo faz com que haja a dramaticidade do momento, a efemeridade dos sentimentos, a discrepância entre o que realmente se quer e o que se pode ter de verdade. No amor, ou naquilo que isso classifica, Sempre é muito perigoso, muito incerto, ou certo demais que acaba terminando uma hora frustrando toda a noção da ideia de Sempre. Impossível usar esse termo sem que haja a confusão das coisas, sem que a ideia de fim se propague entre as ondas eletromagnéticas que passam de um equipamento modelado por uma Equação Diferencial Ordinária e um coração modelado pelo desgosto de seus quereres que sempre – veja só - ...

A retirada dos brasileiros: o País como sempre

O Papa Francisco visitou a terra tropical do Brasil, saudou os manifestantes, foi diplomata e solidário como só um Chefe de Estado e um Representante de massas pode ser. Evidentemente que o apoio às manifestações ocorridas antes de sua chegada deve ter deixado o Governo Brasileiro, e a Politicada geral, muito contrariada. Agora sim podem dizer que a Igreja católica apóia as mudanças exigidas pelo povo. Mas, espere um minuto...  O Parlamento brasileiro aprovou alguns projetos polêmicos e que era pauta dos manifestantes. E na última hora, alterou as porcentagens, os valores em reais. Ninguém mais vai reclamar? Algumas cidades, principalmente aquelas que são capitais, reajustaram suas contas e reduziu a tarifa no transporte coletivo, quando não tornaram gratuita para os estudantes, em definitivo. No entanto, o sistema de transporte coletivo ainda está em crise. É só observar Maceió-AL e Aracaju-SE. Nesta última, a cidade está quase parada por que apenas duas empresas estão atu...

Pequeno adendo da madrugada

É normal deixar de ser e reinventar tudo o que se construiu até agora. Sua vida é apenas um detalhe no qual o mundo faz parte, com atuação alheia muito pequena. Mas a sacanagem da vida não é ser normal, igual a de todo mundo. Não mesmo. A grande sacada é a reinvenção do proibido e do permitido sob a óptica do que é velho e não mais usado. O saque que é feito só dirá respeito, no máximo, a uma só criatura: você. Nessas sacanagens do bem, se é que existe, é válido tudo e qualquer coisa, até mesmo o uso de maconha e a prática do sexo no ambiente universitário, uma vez que tudo é “tão normal”. Tudo é tão permitido. Tudo é tão mais tão que seria impossível apontar o dedo para alguém certo ou errado. Não é normal ser analfabeticamente vulgar ao ponto de confundir realidade com ficção, realidade com infecção e útero com ponto inicial. Pois, ora!, ainda que a realidade e a ficção dependam mutuamente para tornar problemas mais leves e produzir verdadeiras obras de arte, é inadmiss...

Silêncio #04

O Silêncio trás à tona a realidade nua inerente ao indivíduo que cala, mesmo que não o faça ao mundo, tornando-o instrumento de si na calma ou correria que nos rodeia a toda hora o dia inteiro. O estado de silêncio, se não o melhor, é um dos melhores companheiros para se estar a qualquer hora em qualquer lugar sem correr o risco de uma má companhia já que, como dizia Nietzsche, toda companhia é uma má companhia. Silêncio que cria a arte plástica, que inaugura a poesia cantada com o canto de poetas mortos, é também elemento originário do autoconhecimento. Propõe um sutil barulho, isto é, uma sutil voz interior que cabe a cada pessoa ao ouvir e interagir nas horas de prático exercício do silenciamento pessoal. Pode estar, ou exercitar, em silêncio em meio a multidões, pequenos grupos ou em dupla porque o essencial não é exatamente o meio em que está, mas os motivos que o levaram a  estar silenciosamente quieto. Entretanto, o silêncio não pode estar presente no cotidiano do indiví...

A Natureza do que somos

Temos o poder de criar formas, de inventar e reinventar, de inovar e empreender. Temos em nossas mãos o poder. O verdadeiro e inalienável poder de modificar a nós e ao outro, o meio em que existimos e aquele que ainda virá. Somos predecessores de um futuro que acontece no agora e brilha no passado. Somos capazes de modificar, para melhor ou pior, nossas vidas, nossos destinos e nossos pronomes possessivos, ciumentos, extremos, radiosos. Somos a configuração do possível sempre que não se pode mais. Somos o que há de melhor e aquilo que de pior existe, em uma confusão de sentimentos e saberes tão certos que acabamos mentindo para justificar tanta exatidão. Somos os deuses de nossas vidas sem a sabedoria de uma Inteligência Justa que faça com que reconheçamos nossas virtudes e nossos pecados. Pecado que se comete mais contra si, contra a própria virtude, contra o próprio espelho. Somos tanto e tantas coisas diferentes que acabamos por sermos nada. Nada. Nada. Nada. Portanto, som...

O Passeio do Caos

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O caos, instalado de repente, começa a passear entre as Capitais Brasileiras. Nessa semana, e há uma já, Aracaju tem sua frota do transporte coletivo reduzida, e em pelo menos um dia completamente sem a prestação desse serviço – na quarta-feira. Tudo indica que na próxima semana a vez será de Maceió, por três dias segundo os portais de notícias estaduais. O Caos irá apreciar as praias alagoanas depois de ter passado uma temporada em Sergipe, deixando seus frutos espalhados nos mais diversos setores da sociedade local. Nesses dias em que os rodoviários fazem suas justas manifestações, em boa parte não apoiada pelos manifestantes de outrora – ao que tudo indica -, faz-nos refletir, aqueles que têm o hábito, sobre como o lucro das empresas são empregados em benefício do cidadão. Grandes empresas são obrigadas a retornar parte de seus lucros para a sociedade. Por que com as empresas de ônibus é diferente? A Vale, uma mineradora nacional (apesar da privatização), investe em seus f...

O ritmo aceitável

É comum que as pessoas não lutem por seus ideais, por seus verdadeiros desejos. Fingir é mais fácil. Mais cômodo. Mais aceitável para quem observa de fora. É comum que as pessoas se apeguem ao que já está pronto. Aquilo que já está instituído é normal, justo ou qualquer coisa parecida para a fragilidade do ego que habita a tal da normalidade, base da insegurança geral, de uma parte considerável dos indivíduos. O que não é considerado prático é “chutar o balde” e começar a fazer aquilo que se gosta, ou o que se quer, quando se quer, e da maneira que achar mais adequada. Quem disse que é preciso ir todos os dias para a aula? Quem disse que é obrigatório falar correto sempre? Quem disse que é preciso estar sempre em um relacionamento amoroso para amar? Quem disse que é necessário casar para ter uma vida de agonia dupla? Quem disse que é preciso estressar-se com o engarrafamento? Quem disse o quê? Acredita-se muito nas convenções que são estabelecidas ou p...

O Caos no Transporte de Aracaju

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A Capital da qualidade de vida, Aracaju, vive dias tão sombrios quanto os mais pavorosos contos de terror de Stephen King. A razão, óbvia e clara desde sempre, agravada nesses últimos dias quando a irresponsabilidade administrativa e a incapacidade gerencial das Empresas proprietárias dos ônibus que fazem o transporte coletivo, não público da Capital e Região Metropolitana, é o total desrespeito – se é que essa palavra é capaz de representar todo o descaso com o principal meio de locomoção da grande massa de indivíduos que movem a economia local – com os usuários e com a ética constituinte do Estado e da República. Dessa vez, com a mesma reclamação de sempre, os funcionários de algumas empresas – até agora quatro pertencentes ao mesmo Grupo Empresarial – estão, imagine!, com os pagamentos atrasados! Sim, atrasados! Mesmo com o aumento na passagem e uma redução que não chegou a acontecer, mesmo a Justiça tendo decretado a redução para R$ 2,25 e voltado atrás em menos de 72h, as Em...

Repensar de novo, e de novo, pensar

Repensar. Pensar de novo, e de novo, e de novo e de novo. Pensar repetidamente em algo que sai do campo de visão e volta ao centro do mundo sem ao menos deixar acontecer a saudade. Sair por aí, em banho de mar de dia chuvoso, ou em perdidos dias de sol escaldante sobre um asfalto fétido, é simplesmente quebrar a rotina dos "normais" e deixar-se ser o que realmente se quer sem o peso das obrigações que não nos moldam.  Modelos matemáticos que descrevem biquínis, corações, flores e perversões são simplesmente fatos dos quais não se pode escapar, à primeira vista. Modelos que norteiam os gostos não podem ser verdades irrefutáveis, pois mesmo com o melhor gosto do mundo não se pode torná-lo clássico. Do classicismo todos morrem. De novidades também ninguém vive. Repensar. Tornar algo claro é meramente aceitar todos os ângulos pelos quais esse algo é existente, concebido em toda a sua forma. Singularíssimo, mesmo produzido em série.  Pensar de novo. Quantas vezes...

Inesperado #03

O inesperado só tem valor quando se derrama, no curso natural dos dias, lágrimas na pele abatida, sorrisos em rostos intempestivos, amor nas mãos de odiosos. Abrir-se ao novo com medo de cair, perdendo-se no vão do acaso, é tão importante e imprescindível quanto respirar! Conhecer e deixar-se conhecer pelo inesperado nem sempre é uma escolha, mas aceitar os problemas e enfrentá-los de forma decisiva, mesmo que outras pessoas despedacem-se frente a verdade crua e real, é puramente uma questão de querer ir à luta! Compreender que tão importante  que ganhar: é perder, publicamente, o norte ! É obter, na perda, a vitória subjetiva de quem ver nos sorrisos dos vitoriosos a razão e o objetivo de se perder, pelo menos uma vez, o que se quer ganhar. Mas que se ganhar, sorrir como se estivesse perdido!

O preço de uma amizade

Entre em uma loja de departamento e escolha o amigo que melhor se adaptar ao seu estilo de vida. Certamente, com as mesmas indecisões que nos levar à frente de um espelho e provar milhares de roupas sem serventia, em uma loja de vestuário, você poderá escolher um amigo, ou vários. A quantidade poderá ser definida ou por sua conta bancária, sempre de preferência nos melhores bancos do mercado ou pela sua necessidade. Em prateleiras, há milhares de modelos adaptáveis e sempre prontos para ser seu melhor amigo. Se preferir, pode refugiar-se entre relacionamentos fracassados e chamar todos os ex-amores de amigos verdadeiros. Como também pode adotar como estilo de vida a contínua condição moderna de ter amigos virtuais, sem graça e sem o humanismo necessário. A forma como escolherá sua rede de melhores amigos de infância quem escolhe é você. Por outro lado, somente quando não se está interessado em manter aparências, em ser real, verdadeiro e despretensiosamente sarcástico para acei...

Astros cotidianos

Criam-se novos hábitos todos os dias, sob as mais inusitadas circunstâncias, e cultiva-os do modo que é possível. Ou sobre o medo gerado por esses hábitos ou pela influência de não perdê-los, desperdiça-se muito tempo fazendo exatamente o que não se deve, ou o que se deve. Na correria de um transporte deficiente e a pressa atrasada de um trânsito lento, o olhar tende a ir de um lado a outro na impaciência dos fatos, fugindo ao controle do espectador, e então, surgindo de um lugar qualquer, da mais profunda surpresa diária, a vontade aparece para agarrar os fios de cabelo preto e envenenar a alma vivente com a mesma sensação que faz sufocar e suprimir a objetividade necessária de uns minutos decisivos. Na calmaria da noite, quando tantas coisas podem ser feitas e o tempo é gasto justificadamente com a inércia do sono, o medo de não dormir faz os olhos não fecharam levando o cérebro a um cansaço saciado apenas durante a tarde, de cada dia e sempre em frente. Nas manhãs, tudo come...

Um conto para Melissa

No corredor cinza-e-branco o tempo não podia ser medido apenas por um relógio digital, na tela de um aparelho celular, cujo plano de fundo sempre lembrava o mais lindo sorriso que já viu. Também não podia ser aprisionado durante aqueles breves instantes em que a luz do visor se mantém acesa e seus olhos buscaram, naquele rosto, todo o amor que emanavam dos núcleos das minhas células para aquele corpo, tão distante e tão perto, que era retratado ali, na única forma de segurar brevemente o tempo – a fotografia. O tempo, imensurável, transformou-se em bits, que enviaram por meio das micro-ondas, uma simples mensagem de texto que chegou atrasada no celular de destino simplesmente por que a operadora de telefonia móvel oferecia mais linhas e promoções do que sua estrutura podia suportar. Mesmo assim, talvez a mensagem tenha cumprido sua missão – já que a pessoa pode ter caído de emoção ao recebê-la – ou não. Só que outra mensagem nunca chegou de volta, dizendo o que quer que fosse. N...

15 de julho, e os presentes?

O dia do homem passou como uma nuvem branca, transparente, em que ninguém presta realmente atenção. O 15 de julho é, como as outras datas ditas comemorativas, mais uma em que tudo precisa ser traduzido em alguma tranqueira sem serventia. Muito pouca gente tem a capacidade de criar um presente simples, surpreendente, e criativo o suficiente para se tornar único: fato que deixa o dia ainda mais inexpressivo. Do outro lado da moeda, em meses retroativos, está o dia da mulher, internacional, em que todas merecem ao menos uma flor (nem que seja uma daquelas que ornam as urnas funerárias).  O dia do homem também merecia ao menos uma caneca para cada um, ao menos! O homem teve seu dia, sua vez de ser bajulado, suas vinte e quatro horas em que alguns exemplares femininos colocaram para fora todo o ressentimento guardado durante o tempo em que não é dia do homem. À parte esses detalhes sociológicos que permeiam o 08 de março e o 15 de julho, ontem foi mais um dia em que as mulhere...

Agora, enquanto dorme o sono

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Por que você dorme durante a madrugada? Se é de insônia que se compõe meus pensamentos e de multiplicações que não se fazem, dos nossos dizeres tão sem sentido! Por que tem que ir embora? Se é de chegada que é feita a nossa estadia! Por que complica tanto o incomplicável? Se é de simplicidade que é feito o nosso estável querer, nossa sólida mentira, nosso quadro em preto e branco! Por quê? Certamente existe afirmação que guie a madrugada e discorde o português, que destoe entre duas notas musicais de partituras diferentes e que, entre o sal do mar e a praia, exista um disco voador esperando por uma nova abordagem afirmativa.  Afirmação que muda a cada madrugada e a cada estação, cuja constelação sempre mostra uma nova estrela de superstição. E, então, por quê? Por que é tão distante o outro lado da cama? Por que é tão perto o outro lado do planeta? Por que é tão interessante a janela aberta e o coração fechado? Por que é tão mau olh...

Eu te amo!

Homem, você ama outro homem e não é gay? Mulher, você ama outra mulher e não é gay? Não é difícil encontrar inúmeros pedidos implícitos de relacionamento em que os seres carentes procuram qualquer alma vivente para satisfazer sua inevitável sede de amor. E são apelações de todos os tipos: das mais deprimentes às mais divertidas! O que chama a atenção não são as mulheres desesperadas e os homens metidos a conquistadores baratos, mas a capacidade preconceituosa de acreditar que todo amor restringe-se naquele que acaba na cama, esgotado entre a energia dispendida e a ansiedade de um prazer mesquinho. Para a maioria, amar outro homem, de modo fraternal e externalizar isso, é completamente inaceitável, sendo rotulado inclusive como homossexual. O mesmo pode ser dito na seara das mulheres. Se as pessoas dissessem mais o tão famigerado e mentiroso “eu te amo” para os amigos, de modo sincero e despretensioso, sem o cunho sexual, portanto de modo fraternal, teríamos pessoas mais amada...

O Ninguém

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Ninguém verá os meus sonhos nem todas aquelas necessidades que surgem quando a luz apaga, a febre ataca, a chuva cai e todos dormem. Ninguém ouvirá as necessidades que saem de debaixo da cama quando a bateria descarrega e a mente passa a funcionar obstinadamente para alcançar um único ponto no passado. Ninguém manda mensagens no meio da madrugada, depois de anos-luz separados por um silêncio provocado pelas mais ousadas expressões. Ninguém manda beijos via fibra óptica, que levam dados pelo mundo. De repente, Ninguém ganha um nome, um rosto e um baú de recordação e motivos para permanecer na obscuridade da saudade, do anonimato que faz tanto bem à sanidade de um estado que só floresce na madrugada. Então, não de repente, não sem as amenidades que rugem na memória dentro do tal baú, a noite deixa de ser fria, esquecida e isolada, e passa para seu estado de constante metamorfose em que a distância e o tempo são elementos que só existem na pequenez de um cronograma rigidamente seguid...