Essas flores

Jasmim - IFAL- Palmeira dos Índios
Já se foram estações, suores, amores, lágrimas e quilômetros.
Milhas foram acumuladas, batons acabaram em outras bocas, perfumes saíram de um corpo a outro. Seus olhares foram para outras retinas e deixaram brilhos em muitos lugares. Meus dentes morderam outros pescoços.
Seus escritos deixaram de existir e minha letra só piorou.
Seu cabelo continua ruim. O meu só cresceu.
Você ainda é limitante. Eu, indefinido.
O céu continua quente. A grama, verde só em alguns pontos.
Suas palavras, de amor, desejo e raiva, ainda estão expostas no chão - nas flores só o frescor da noite.
Já se foram duas eleições presidenciais. Anos em cálculo e desencontro.
Criaram programas de TV ridículos e sem graça; programas sociais.
E, apesar do tempo, as fores seguem seu rumo, servindo de lastro para outros tantos romances; espalhando perfumes e cores.
O castelinho ruiu; o mundo partiu; aviões caíram; ônibus mergulharam em rios; facadas, tiros e mortes aconteceram; mas as flores, essas flores vistas todas as manhãs, de novembro a março, essas continuam sempre lá - testemunhando mais que nós, testemunhando o próprio tempo.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá