"Zé é o caralho"

Rodoviária de Arapiraca. Madrugada. Rafael Rodrigo Marajá.
Tão natural quanto o sol quente do meio-dia é a mania de chamar toda mulher de Maria e todo homem de "Zé" - como se não bastassem os milhares de Josés, Marias e variações que existem.  Ou era tão natural a assim. A geração que não vivenciou o período de seca alarmante no nordeste ou que não vivenciou as mudanças de poder na Capital Federal e no coração industrial e cultural do país não é tão receptiva às generalizações nominais.
Rafaéis, Amandas, Carolines, Isadoras, Caios... são nomes que não aceitam generalizações - e seus portadores menos ainda,
Isso tudo vem à mente quando alguém, às quatro horas de uma madrugada climaticamente confusa de Arapiraca, insiste em oferecer um serviço que você não quer, ou não precisa, através do subterfúgio de "psiu!, ô zé, quer táxi?", "ô zé, quer táxi?", "psiu"....
Daí você olha para trás com um único pensamento: Zé é o CARALHO!
E essa é a expressão que melhor traduz o estado de espírito de quem é chamado por um nome que não o identifica, em vários sentidos.
E só desse modo o tempo de sua mãe avó, tias e primas pode ser valorizado, mandando para o cretino um gigante: ZÉ É O CARALHO!
As pessoas, independentes de quem sejam, ou o que fazem, devem começar a aprender a usar substantivos como "rapaz", "senhor", "moça" e "senhora"para chamar a atenção de alguém quando não souber o nome do indivídio.
Se o(a) chamarão de bruto?
Dane-se!
Cada um de amar e valorizar seu nome.
O resto é detalhe.
E nada contra os Josés e Marias espalhados pelo mundo.

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