Estranha História #3

Um dia ele a viu de perto, bem perto, e pôde observar seus pequenos defeitos, a cor dos seus olhos. Nesse dia, acima de qualquer dúvida, ele soube que os deuses não havia brincado. Nesse dia, apesar de todas as tentativas, os dias anteriores não existiram mais, nem passado teve. Só o presente passou a ser fantástico. Sob seus olhos ela foi desnudada - sem mitos, sem artifícios, sem sacrifícios.
O sol do fim de tarde sequer queimou-lhe as retinas ao olhá-lo diretamente. Nada tão doce quanto sua face. Nada tão comestível quanto seu sotaque. Nada tão atraente quanto a alegação de atraso.
Ela, sempre alheia, tão distante e tão perto, passível de abraços apertados, atapetados de beijos. O ambiente, tão impróprio. Ele, lava derramada sobre a montanha.
A tarde, mais cedo, tardíssimo, com o tempo gritando ordens de pressas e compromissos, acabou de repente, tal qual começara.
Eles, na separação, inflamada, de um não pode estar juntos, próximos, cúmplices.
Até quando, ele pergunta-se.
Até quando?

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