A falta de acesso

Fevereiro começou e o nosso carnaval está começando a espantar as preocupações com a inflação, com a política e com a falta d'água. Alguns estados pressionam a população anunciando o cancelamento dos festejos carnavalescos pelos mais diferentes motivos, que não justificam nem o confete não comprado.
Por sorte o carnaval acontece no verão!
Quase sinônimo de carnaval, o verão tem alguns conceitos estranhos. Um deles é a bunda. Não qualquer bunda - a feminina, especificamente.
Os gringos adoram as praias brasileiras porque só nelas existem belas mulheres de biquínis, sempre pequenos e expondo bundas dos mais diferentes tamanhos, com as mais diferentes marcas, duras, moles, com pelos ou lisas. É um desfile de bundas, algumas até falam como diz o Francisco.
O paradoxo é que a nossa colonização católica e os "medinhos" femininos fizeram com que algumas mulheres se tornassem um pouco mais pudicas que o normal. O resultado é: a bunda, a comum, da mulher comum, tornou-se inacessível justamente aos brasileiros.
E, diga-se, a mulher que a usa na busca do prazer, para conseguir favores ou só provocar não pode, e na maioria das vezes não é, classificada como puta. Em um país que adora a bunda, não tê-la é uma vergonha.
Os brasileiros adoram. Mas quem usa de verdade?
No carnaval ela está sempre roçando em alguma coisa.
Nas praias elas estão sempre lá.
No verão são expostas quase em tempo integral.
Então qual o problema com o acesso?
O problema mais provável é que se pode considerar a bunda como um produto nacional, mas não se pode falar em voz alta, afinal, moramos em um país de santos, apesar do calor.


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