Mundo oceânico

O mar em abstrato de Ana Paula L.


O mundo é um oceano com águas espumantes, de um sal libertador, inebriante, que traz à tona a razão e o amor, o próprio, o egoísta, aquele que nos move a ir a diversões individualistas, a gostar de estar só, lendo um livro. Nesse oceano, cabem corações, cabem caixas, cabem satisfações, cabem noites em claro. Cabe você em resumo e em expansão.
Partículas de água que trazem a emocionante racionalidade do não-cometimento de velhos erros, antigas mancadas que aconteceram na busca pelo acerto, por não fazer outrem sofrer ou chorar, por não querer partir, precisando estar longe – na pior distância: a emocional. A água, salgada, que banha o corpo também é a mesma que tem estrelas que encantam as que brilham, é o fluido que corre entre veias e escapa nos olhos. Água salgada que leva para longe a tristeza e deixa, lavada, a lembrança mais bonita, a foto mais ímpar de duas faces, dois lugares, dois mundos.
Na seguridade da areia, onde todos ficam, não há ondas de voz embargada, silêncios, gritos, barulhos, amores, paixão, saudade. Na areia, ora suja ora límpida, estão os que não se arriscam, mas é no mar onde todos se descobrem.
O mundo é água que retém a prova do que é, do medo, da alegria. E, nas ondas que nos levam para longe do início, da areia, dos sonhos e das ilusões, vive-se melhor, ainda que com a pungência de uma dor.


Lume de Estrelas - Oswaldo Montenegro


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