Ainda é possível
Às vezes, é possível que exista
uma letra de música que martela na cabeça durante a noite, ou um poema que
surge com rosto definido. É possível que apareça olhos sorridentes entre vírgulas
e pontos, letras e rimas, acordes e melodias. É possível que esteja partido o
sentido íntimo que faz surgir tais coisas, sem restar nada além de pedaços,
folhas rasgadas, cores desbotadas.
E esse é um estado em que ocorre
o verdadeiro autoconhecimento, aquele que faz você não chorar por mágoas
passadas, mas entende-las e cuidar das suas próprias feridas como um animal
inocentemente agredido por facínoras. É nesse estado que ódios oriundos de
amores são extintos, que a poesia deixa de ser melancólica e o ar mais leve.
Nesse espaço em que só cabe um, você mesmo, o mundo começa a sua longa e
demorada reconstrução, mais experiente, mais vivo, mais limpo.
E quando a face há muito
conhecido atravessa o tempo e ultrapassa seu querer, surge uma nova arte: a de
gostar sem a passionalidade do amor-ódio de quem se gosta.
Seus possíveis escritos?
Guarde-os!
De repente a face
materializa-se e poderá, sem os extremismos do passado, relatar sua obra
conjunta, infinita.
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