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Mostrando postagens com o rótulo medo

Um ego doente

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Quadro: Naked Man, Back View. Lucian Freud. Metmuseum, Antes de qualquer coisa - antes de buscar o "amor", antes de desenvolver a raiva gratuita por outra pessoa e antes de querer ser alguma coisa na vida - é preciso desenvolver o ego. Tão fundamental quanto manter relações sociais reais e virtuais, o ego é o propulsor de doenças que degeneram o caráter e que cria relações abusivas e explosivas. É preciso testar o ego - tanto na medida exata em que suporta ser maltratado quanto na extrema oposição a isso. Um ego que não foi testado de dentro para fora é incapaz de gerar um indivíduo saudável e forte, cujo caráter é provado continuamente.  As pessoas que não se submetem a provas próprias, ao limite de sua capacidade, não podem ser consideradas pessoas de verdade. São cascas cuja única função neste mundo  é gerar lixo e fezes. E o pior, para desagrado geral dos pensantes, o que mais se tem por aí são cascas. Daí surge, por exemplo, a geração floco de neve, os megalo...

A presunção do amor

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Pintura: Nude with oranges. Henri Matisse. 1951. Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se. MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991. A presunção do amor é crer que todos são obrigados a amar - amar as idiossincrasias alheias; amar a corrupção justificada do outro; amar as falhas dos relacionamentos.  Ninguém ama verdadeiramente outra pessoa a ponto de relevar e justificar repetidamente as falhas e as fraquezas de outra pessoa. Ninguém gosta de pessoas fraca...

Medíocres adoradores do medo

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Two Mens Playing Chess. Alfred Stieglitz. Não é impressionante que a maioria das pessoas prefira o medo à claridade da coragem e de seus frutos. Não é raro que se encontre indivíduos que demonizam pessoas e processos numa tentativa desesperada de justificar algo ou com o objetivo apenas de "valorizar" algo, alguém ou agum processo. Em geral gostam de tornar um ser humanamente frágil em alguém com um poder incrível que está, em uma pirâmide imaginária, longe de críticas e de suspeitas quanto à sua capacidade de apreender quem o rodeia. E esse super-humano pode possuir uma beleza incrível, uma inteligência razoável ou ser só outro humano. Esse artifício de endeusar alguém, por exemplo, é meramente uma forma da maioria dizer "sou incapaz, sou irrelevante e medíocre e minha única justificativa é que esse(a) é muito melhor". Os indivíduos estão acostumados com o menosprezo por si mesmo, com a inacessibilidade entre si, com os preconceitos em suas mentes e...

Treze sexta

Entres as inúmeras datas que esperam chegar, a sexta-feira treze, as duas do ano, são as mais contempladas com o misticismo e a credulidade das pessoas com relação ao azar e aos agouros. Na realidade, é nesse tipo de sexta-feira que se cultua, abertamente, o azar e as forças ocultas, não necessariamente demoníacas. Gatos pretos, histórias hilárias da era medieval, crendices e muita magia de Hollywood permeiam a fantasia de uns e outros que esquecem da cultura local e da história do próprio povo. Se é para cultuar o azar, a magia negra e os espíritos demoníacos, que faça isso utilizando a cultura local e nossos próprios meios. Riquíssimo culturalmente, o Brasil é capaz de fomentar a diversão das sextas-feiras negras sem precisar importar nenhum modelo horripilante. No nordeste, o grande Nordeste brasileiro, há as mais divertidas, mirabolantes e excitantes histórias que podem gerar os mais diferentes medos nos indivíduos mais corajosos. A prova disso são os filmes, brasileiros, que...

Sua superfície, sua profundidade

As pessoas têm medo de morrer, que em uma viagem de carro a curva seja muito estreita ou que em um dia normal a foice implacável do acaso ceife-lhe sua preciosa vida, mas não se abstém de moverem-se  entre o efeito do álcool e a insanidade da prevaricação com as criaturas mais estranhas que existe. Outras têm medo de cair no abismo do esquecimento que faz com que a famosidade de um dia seja o marasmo de outro; que torna seres inseguros em espécimes indesejados nos meios sociais. Cair no abismo do esquecimento é destrutivo para quem já não tem segurança em sua normalidade, quanto mais para quem faltou a aula de valorização da vida independente de outra. Os medos das pessoas chocam-se com as atitudes estranhas que assumem no cotidiano e que delimitam suas ações. Têm medo da morte, mas fazem ultrapassagens perigosas em trechos de rodovias perigosos; Têm medo de morrer sem uma vida intensa, mas amedrontam-se frente às oportunidades que brotam dentre as mais diferentes vontades al...

Mundo oceânico

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O mar em abstrato de Ana Paula L. O mundo é um oceano com águas espumantes, de um sal libertador, inebriante, que traz à tona a razão e o amor, o próprio, o egoísta, aquele que nos move a ir a diversões individualistas, a gostar de estar só, lendo um livro. Nesse oceano, cabem corações, cabem caixas, cabem satisfações, cabem noites em claro. Cabe você em resumo e em expansão. Partículas de água que trazem a emocionante racionalidade do não-cometimento de velhos erros, antigas mancadas que aconteceram na busca pelo acerto, por não fazer outrem sofrer ou chorar, por não querer partir, precisando estar longe – na pior distância: a emocional. A água, salgada, que banha o corpo também é a mesma que tem estrelas que encantam as que brilham, é o fluido que corre entre veias e escapa nos olhos. Água salgada que leva para longe a tristeza e deixa, lavada, a lembrança mais bonita, a foto mais ímpar de duas faces, dois lugares, dois mundos. Na seguridade da areia, onde todos ficam, ...

Sessão: Se puder Sem medo

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