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Sobrevivente amor

Quando os slides tiverem os signos embaralhados e o calor abraça-la em plena aula seus olhos procuraram o negrume dos meus, implorando pela revolução de outrora, pelo socorro contra a rotina, pelo amor que pouco a pouco escorreu por entre seus dedos. Haverá lampejos de argumentos contra. Haverá opiniões contrárias de apoio. Haverá novas e insuficientes  presenças. Haverá saudade. Haverá ausência. Haverá  vontade. Haverá lembranças revividas. Haverá o desejo de um abraço de retorno. Haverá o beijo de reencontro. Sua consciência flutua até mim entre jasmins e perfumes com o ardor de quem precisa viver sem as amarras de um mundo fastidioso. E eu,  já não esperando, concederei à recordação o valor do novo.  Com armas baixadas. Com alegrias infantis. E então haverá paixão. Então há amor.

Paixões violentas

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Quadro: The fall of Icarus. Matisse. 1943. O que nos falta são paixões violentas. Falta-nos a urgência da violência promovida pelo amor efêmero - a completa expressividade entre dois seres. A maioria das pessoas apenas tem pessoas-chaveiro com as quais podem, nem sempre, aparecer em um ou outro evento social. A maioria apenas sobrevive em relações deprimentes para não cair no inevitável abismo da mudança e do desapego que surge ao ficar só com os próprios pensamentos e o lixo que se acumula nas estantes, nos armários e nas roupas. Uma paixão violenta, que não precisa durar mais que uma semana e que pode durar anos, traz criatividade, vontade de viver,  desprendimento e força de vontade. São essas paixões que fazem o mundo girar, a tecnologia alcançar os mais altos patamares da inovação e a humanidade produzir as melhores peças de artes, quaisquer que sejam. Vida insossa, paixões insossas e a mediocridade dos medos habilmente conservados e cevados pela língua do povo não...

O perfume da Fran

Há perfumes que deixam na pele o gosto por mais... e mais pode ser só desejo e exalações como também pode ser a vontade desabalada caindo ladeira abaixo, seja na boca de alguém ou nos braços de outro alguém. Fran passou com perfume, um cheiro que invadia o corpo e despertava aquilo que se pode chamar de pecado e que, entre paredes, é também conhecido como Paixão Violenta. Sua boca, aquela boca, revestida de vermelho e um agradável sabor de frutas vermelhas arranha a língua, os olhos e a voracidade. O perfume, aquele perfume que fica muito tempo depois que ela se vai, fica como lembrete para a violência da paixão que se desperta. O suor que dela decorre, as manchas de batons que dela resvalam e a vontade é uma somente uma questão de quando, e não de se. Fran sabe que não deve dar a bochecha - não a bochecha - descaradamente quando se pode oferecer mais. E quanto mais se der, melhor será.

Toda paixão, nada de amor

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 The Strange Thing Little Kiosai Saw in the River. John La Farge. O amor que se dane! A graça é apaixonar-se pelo menos um vez, por semana. Fico imaginando os pensamentos das pessoas que pulam a paixão e vão direto para o amor eterno, uma eternidade com uma só pessoa - que muitas vezes se mostra mortalmente entediante. E não me rogo ao constrangimento alheio em que as pessoas não sabem o prazer e a tristeza das paixões diversas, diárias, efêmeras que acomete a quem está atento a si e a seus desejos, desvencilhado(a) dos quereres de outro ser. A paixão dentro de um ônibus que termina em um ponto qualquer; a paixão no shopping por alguém desconhecido; a paixão assassina por um ser maléfico; a paixão sem freios - todas em uma só pessoa,  tão intensas quanto o amor monogâmico e etéreo. Por falar nisso, como saber se o indivíduo amado é para ser eterno se não vivenciar as mais devassas e massacrantes paixões? Tenho que dizer, sem temor e com alegria, que não desej...

O que (não) existe

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Père Romeu - Pablo Picasso (Spanish, Malaga 1881-1973 Mougins, France) É claro que existe uma corrente paralela ao Dia dos Namorados e que é ainda mais forte e implacável que presentes, data e estado de espírito comerciável. E o que existe atravessa os anos e durante todo o inverno junino, ou aquilo que se chama inverno junino no nordeste, paira uma nuvem de elementos não ditos ou ditos e esquecidos entre tantos desencontros durante o pró e pós-junho. É o movimento das paixões que são guardadas em casa na forma de cartas, de objetos e fotografias. Umas tantas paixões que os cheiros acabam em mistura com cores e sons e no fim o que resta é a melancolia, ou de um sorriso ou de uma lembrança. E mais importante que a paixão em si é a expectativa da existência de que ela existe; é a certeza de que a pessoa existe e que você está a um querer dela; que nada importa, nem que seja por uns instantes. Importa a reciprocidade? Depende muito: da dor que você pode suportar, das car...

Do Amor?!

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by Nokia Amor, dizem, é aquilo que faz sorrir quando a pessoa amada se aproxima.  É aquele riso involuntário que insiste em ficar no rosto, quando o ser amado vem, passa e fica. Um riso que constrange de tão alegre e aberto. Uma expressão do mais alto grau de denúncia. Paixão fluente Desejo ardente Do amor?! Nossa que horror E quem, ao ver chegar, aquele amor, não sorriu? Da lealdade?! Que maldade O amor que é um bobo Amor é prisão libertária, fase solta de um corpo que voa como folha seca do outono para o lugar seguro dos braços alheios, sempre presentes. O amor também é triste, sempre que o motivo do riso se vai. Sempre que a falta de motivos é um motivo para não existir mais a paixão, semente bombástica desse amor. Bobo seria perder-se-ia Se algum dia Amar iria Versos da Poesia, Amor?!, de Naillys Araújo. Prosa de Rafael Rodrigo Marajá  Sessão: Prosa e Poesia. Parceria.

Cidade do Amor

A cidade do Amor representa muito bem seus cidadãos quando faz amor nas ruas, um amor sem sexo, atraente, mutante, fascinante, brilhante. Um amor que rompe com as dualidades dos momentos pequenos e estabelece outras tantas maneiras de expressar-se. Nessa cidade onde nem tudo é vida, tampouco a morte faz-se presente na constância dos anos, o amor passa sorrateiramente entre as pessoas e aloja-se em um coração e outro, numa boca e outra, num olho e numa flor. Cidade de outros demasiados desamores, o amor rege a orquestra dos tempos idos esquecendo-se das lembranças. Nessa cidade cada qual não tem seu palmo de chão no cemitério municipal, está cheio de amores mortos – amantes que dormiram sem saciar todo o ardor de uma desmedida paixão. A cada dia quente de muito suor é uma nova oportunidade de largar-se ao mundano amor dos corpos. Nas noites ventiladas, o amor faz-se santo nas camas de grama e colchão. Na cidade do amor, os amores são vapores inebriantes.

Mundo oceânico

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O mar em abstrato de Ana Paula L. O mundo é um oceano com águas espumantes, de um sal libertador, inebriante, que traz à tona a razão e o amor, o próprio, o egoísta, aquele que nos move a ir a diversões individualistas, a gostar de estar só, lendo um livro. Nesse oceano, cabem corações, cabem caixas, cabem satisfações, cabem noites em claro. Cabe você em resumo e em expansão. Partículas de água que trazem a emocionante racionalidade do não-cometimento de velhos erros, antigas mancadas que aconteceram na busca pelo acerto, por não fazer outrem sofrer ou chorar, por não querer partir, precisando estar longe – na pior distância: a emocional. A água, salgada, que banha o corpo também é a mesma que tem estrelas que encantam as que brilham, é o fluido que corre entre veias e escapa nos olhos. Água salgada que leva para longe a tristeza e deixa, lavada, a lembrança mais bonita, a foto mais ímpar de duas faces, dois lugares, dois mundos. Na seguridade da areia, onde todos ficam, ...