Manhã de domingo

Praia de Atalaia, SE, em 2013 Seis da manhã. O sol começava a despontar no horizonte de prédios, um deles caído lá na Coroa do Meio, e eu, debruçado na janela do terceiro andar, fazia ligações para o agreste e alto sertão alagoano. Adriana Calcanhoto falando-me de coisas que eu já sabia bem, e muito bem, em um volume alto e em bom som. Adriana, ótima cantora e intérprete. Domingo. Sol. Praia. Um mundo lá fora que começava a acordar para o sol, o chuvisco, uma normalidade que em nada me agrada. Pessoas longe. Lembranças perto. Falas suas. Verbos de outrem. Lista de tarefas. Fila de pessoas esperando um “dane-se”. A massa indo pra um lado, eu indo pra outro. Uma garrafa de vinho às seis e um. Queijo, pães, vinho. Um café da manhã próprio para altos pensamentos, para quem tem o peso de um passado apagado nas costas. Esquadros. Mentiras. Depois de ter você. Se o mundo que acorda soubesse, levariam-me para um passeio à beira-mar, um banho em uma piscina sob o sol que...